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O povo Kayapó chora a morte do cacique Mroô Kayapo


O fato: A aldeia “Turedjam” foi fundada pelo cacique Mroô há alguns anos atrás. Ele a formou, depois de ter se separado, com seu grupo, da aldeia Kikretum; aldeia maior e mais antiga, onde ele era cacique ao lado do seu tio, o cacique Niti.

Foi no dia 02 de janeiro deste ano que recebi um telefonema de Dudu, cacique da aldeia Kaprãnkrere, pedindo-me de levá-lo até Turedjam para a despedida de Mroô que tinha falecido na madrugada daquele dia.

Depois de conversar com o Pe. Renato, que inclusive, conheceu bem Mroô por ter sido por alguns anos seu professor na aldeia de Kikretum, concordamos que eu fosse a participar do funeral.

Por volta das 16:00 horas, eu, mais Dudu, Tuire, e outros parentes, chegamos à aldeia Turedjam. Apresentamos logo os pêsames aos kayapó reunidos na “casa central da aldeia”, mas não encontramos o corpo do finado, pois tinha sido levado para Gorotire, a maior das aldeias Kayapó e onde ele tinha nascido e vivido seus primeiros anos de vida. Ai seus parentes lhe rederam suas últimas homenagens.

O corpo do cacique Mroô chegou a Turedjam por volta das 18:00 horas e foi colocado na casa central da aldeia (a casa dos guerreiros). Ai era acompanhado pela presença de caciques, parentes e lideranças, que tinham chegado de diversas aldeias: Moikarakô, Juari, Kôkôkwedja, Kikretum, Kokraxmôro, Pykarãrãkre, Kawatire, entre outras. Entre os parentes estava o pai de Mroô: Pedro Kakwoi; e seus tios, Bebàiti e Domingos Kwantoro.

No dia seguinte às 10:00 horas, o corpo foi colocado no carro do pastor da Igreja Adventista para dar a última volta pela aldeia. Foi a última homenagem e sinal de despedida;  o acompanhavam caminhando e cantando cantos cristãos na língua kayapó. Devagarzinho, o carro foi andando para o túmulo. Este tinha sido bem preparado pelos moradores não índios da fazenda vizinha.

No momento do enterro, algumas mulheres começaram a levantar lamentos de dor e desespero, e a se bater no peito, e a se ferir na cabeça; sendo contidas com grande esforço por seus amigos e parentes.

Foi neste momento, que Domingos Kwantoro, se aproximou de mim e me disse de fazer também uma oração da minha igreja pelo finado Mroô.

Colocaram em seguida, junto ao corpo, as pertences e objetos pessoais de Mroô. E a partir deste momento, com muita tristeza e saudade, as pessoas foram se dispersando.

Antes de voltar para Redenção, fui à casa dos guerreiros para me despedir, e apresentei as condolências do Pe. Renato, para os parentes mais próximos do finado, e para as lideranças kayapó, que conhecem bem o padre, e que ai se encontravam no momento. Com grande tristeza e esperança, depois do funeral, voltamos para Kaprãnkrere e Redenção.

Cosmologia indígena

“A mentalidade indígena, em alguns tipos de morte, não se preocupa em pesquisar suas causas científicas, ou as consideram como de pouca importância, e muitas vezes as suas representações coletivas evocam imediatamente a ação de potências místicas.

Um missionário da Nova Zelândia escrevia: “Recebi a visita de um nativo em estado muito alarmante; ele pegara um resfriado e não tomara nenhum cuidado consigo mesmo. Esses nativos não duvidam de modo nenhum de suas doenças. Eles atribuem ao espírito tudo o que os faz sofrer. O homem de que estou falando dizia que o espírito estava em seu corpo e o devorava” (Spencer e Gillen, The Native tribes os Central a AustraliaI p.530).

Em muitos lugares, nas sociedades indígenas, a morte requer uma explicação diferente das causas naturais. Se em dado momento a morte sobrevém, é porque uma força mística, ou algum poder mágico, entrou em jogo.

Várias doenças, desde as mais simples até as mais graves, são atribuídas à influência maligna de um inimigo sob a forma de um homem ou de um espírito.

Essa disposição de espírito se encontra nas sociedades indígenas mais afastadas umas das outras, e com grande uniformidade. O que varia nas representações coletivas são as forças ocultas às quais se atribui a doença ou a morte, que são suas consequências. Ora o culpado é um pajé, ora o espírito de um morto, ora forças mais ou menos definidas ou individualizadas. O que permanece semelhante, e poderíamos dizer, quase idêntico, é: a ligação entre a doença e a morte, de um lado; e a potência invisível, do outro. Daí a pouca atenção dada àquilo que chamamos de causas naturais, até quando elas saltam aos olhos.”

Embora não seja uma constante, o pensamento kayapó (mebêngôkre) também atribui às forças ocultas da natureza, ou ao poder de alguns pajés, a presença de doenças, e em alguns casos, as causas da morte de algum indivíduo na sua sociedade. Fato que traz consigo um cuidado especial com certos tipos de alimentos e certas atividades na floresta. E cuidados também, na relação com algumas pessoas detentoras de algum poder místico.

Por atribuir a morte repentina, a algum tipo de pajelança, sem dar importância às explicações de laudos médicos, algumas comunidades chegam a viver tensões e conflitos. Caso, que atualmente vivem algumas comunidades do Alto Xingu, depois do falecimento do cacique Mroô. Pois um indígena acabou sendo indicado por alguns dos parentes do falecido, como aquele que teria feito algum dano e causado a morte do cacique durante um encontro que tiveram em uma aldeia do município de Bannach-PA.

Um caso análogo aconteceu também poucos anos atrás entre duas comunidades indígenas de Pau D’Arco depois da morte de outro cacique jovem em uma das aldeias.

Por fortuna, com o tempo, uma vez que a dor da perda diminui e se inicia o processo de conformidade com o decesso acontecido, essas tensões e conflitos conseguem ser superadas.

Pedro Saul Ruiz, MX.

[i] Anotações tomadas do livro de Lucien Lévy-Bruhl, A mentalidade Primitiva, Ed, Paulus, 2008, pp. 22-28.

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