A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano está preocupada com os biomas brasileiros na defesa da vida. Tem como lema: Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15). A finalidade da CF é cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho.
Um bioma é um conjunto de vida constituído por agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em uma escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças. No Brasil, existem seis biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas, vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.
O papa Francisco, na encíclica Laudato Sii (LS), falando sobre a criação, apresenta uma ecologia integral como novo protótipo de justiça, que unifica o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o circunda (LS 15). Desse modo, evita-se que se entenda a natureza como algo separado da humanidade ou como uma mera moldura da vida humana (LS 139).
Portanto, a ecologia integral é inseparável da noção de bem comum (LS 156).
Em outras palavras, comprometer-se pelo bem comum significa fazer escolhas solidárias pelos mais pobres como caminho do mundo sustentável para as gerações futuras (cf LS 158). Por isso hoje, ao se falar de biodiversidade procura-se abarcar a heterogeneidade em todas as formas: biomas, ecossistemas, espécies e genes. A perda da biodiversidade implica mudanças climáticas.
Deixar de zelar pelos biomas, pela vida do planeta, pode trazer consequências gritantes para o futuro da vida, como o aumento da temperatura dos oceanos causando desequilíbrio na cadeia alimentar dentro da biodiversidade. As águas oceânicas influenciam na formação do clima, mudando o clima, o que modifica a vida do planeta. Como resultado, pode acontecer o desgelo do Ártico, o que aumentaria o nível do mar, provocando grandes transtornos às populações costeiras.
O Papa condena a incessante exploração e destruição do ambiente, responsabilizando a apatia, a procura de lucro de forma irresponsável, a crença excessiva na tecnologia e a falta de visão política (cf LS, 5). Francisco denuncia as alterações climáticas como um problema global com implicações graves: ambientais, sociais, econômicas, políticas e de distribuição de riqueza. Essas representam um dos principais desafios que a humanidade enfrenta nos nossos dias (cf LS, 181).
O projeto da criação descrito no livro do Gênesis afirma que Deus criou o ser humano no jardim para o cultivar e o guardar (Gn 2,15), não para ser destruído. Portanto, a humanidade deve aperfeiçoar e cuidar o planeta terra, porque as reservas naturais são finitas, acabam. Ou cuidamos do planeta, ou pereceremos. Matando a natureza, nos autodestruímos. Cuidar dos biomas é aperfeiçoar a criação, o que significa viver de maneira responsável e sustentável.
Boa caminhada quaresmal rumo à Páscoa.
Que este tempo seja de conversão e de tomar consciência da importância do cuidar, cultivar e guardar da criação!
Pe Rafael Lopez Villasenor.