Retiro espiritual dos xaverianos do Brasil norte
O retiro anual dos Xaverianos na região norte, aconteceu na Casa dos Jesuítas, do 02 ao 07 de julho. Teve como tema “O rosto humano do Xaveriano” e como pregador o Padre Alfiero Ceresoli s.x.
Colocado oportunamente no começo das férias, o retiro previa bastante tempo para descansar. O pregador optou por ditar duas meditações ao dia e sugeriu de guardar silêncio nas faixas horárias das 9 às 12 e das 15 às 18. Pe. Alfiero já nos tinha pregado um retiro sobre o Fundador algum ano atrás; então este foi uma continuação e um aprofundamento, no sentido que o Fundador é o ícone do rosto humano do Xaveriano. São Guido não somente desenhou nas Constituições os traços humanos do missionário Xaveriano, como também ele mesmo nos deixou o testemunho de sua rica e sensível humanidade.
O assunto foi tratado em subtemas... de certa forma em estilo circular (próprio do Prologo de João), retomando várias vezes e aprofundando certos traços. Não faltaram novidades, místicas, testemunhos pessoais do pregador. Apreciamos a curiosidade intelectual do Pe. Alfiero em garimpar escritos do Fundador, colocando-os no seu tempo e atualizando-os para o nosso contexto.
Aqui vai um pequeno elenco de pérolas:
*O Xaveriano deve ser pessoa alegre(!) e de fácil relação;
*Deus é presente, “amante” e em saída;
*A consagração dos votos não é para “gessar” a vida do religioso - como pensava, equivocado, o autêntico Pe. Amatore Dagnino, Superior Geral depois da morte do Fundador - mas para alavancar a vida missionária; precisa então fugir de certa vida religiosa;
*Eu preciso dizer para Deus que me aperte, como Isaque pediu ao pai Abraão (de acordo com um midrash);
*Não tanto “mártir porque morto pela fé”, mas morto porque mártir, porque confessor e testemunha;
* O sacerdócio batismal é mais importante que o sacerdócio ordenado (Cf. Carta aos Hebreus) ...
Dois temas receberam destaque.
- O lado humano caracterizou muitos escritos do Fundador. Para o Fundador o humano vem primeiro. O pregador ilustrou recorrendo a um texto da Populorum Progressio de Paulo VI:
...toda a vida é vocação. É dado a todos, em germe, desde o nascimento, um conjunto de aptidões
e de qualidades para as fazer render: desenvolvê-las será fruto da educação recebida do meio
ambiente e do esforço pessoal, e permitirá a cada um orientar-se para o destino que lhe
propõe o Criador. Dotado de inteligência e de liberdade, é cada um responsável tanto pelo
seu crescimento como pela sua salvação. Ajudado, por vezes constrangido, por aqueles que o
educam e rodeiam, cada um, sejam quais forem as influências que sobre ele se exerçam,
permanece o artífice principal do seu êxito ou do seu fracasso...
O crescimento humano constitui como que um resumo dos nossos deveres. Mais ainda, esta
harmonia, pedida pela natureza e enriquecida pelo esforço pessoal e responsável, é chamada
a ultrapassar-se. Pela sua inserção em Cristo vivificante, o homem entra num
desenvolvimento novo, num humanismo transcendente que o leva a atingir a sua maior
plenitude: tal é a finalidade suprema do desenvolvimento pessoal. (PP 15.16)
O fundador insistia para que os educadores respeitassem a “índole” dos educandos. E, na oração para obter a perseverança, São Guido fala em pedir não de morrer em graça, mas de alcançar aquele grau de perfeição que é da vontade de Deus.
- Don Ângelo Manfredi, na sua vida de Guido Maria Conforti considerou o Fundador pouco original, no entanto, nós temos traços muito originais dele. Um exemplo, sobre todos, são as Constituições: aquela do 1921 foram “reprovadas” porque julgadas fora de toda norma. Foi um calvário para o Fundador colocar suas novidades nas entrelinhas e em incisos para não perde-las.
Bom, para terminar, nosso retiro foi um belo retiro “entre confrades”. Já de volta a Hortolândia, Pe. Alfiero escreveu generosamente: “Agradeço e louvo a Deus por ter irmãos tão dedicados para o Reino como vocês. Abraços e orações”. (Pe. Arnaldo DeVidi s.x.)