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Teologia

As obras de misericórdia no contexto do Ano Jubilar


Cada um dentro de suas possibilidades e dons, pode em diversos momentos da vida fazer obras de misericórdia. Para uns é mais fácil “dar assistência aos enfermos”, para outros é mais fácil “ensinar os que não sabem”.

Mas para todos, em alguma fase da vida, surgirão os momentos de "perdoar as ofensas" e "suportar com paciência as fraquezas do próximo". Obra de misericórdia é aquela com que se socorre o próximo nas suas necessidades corporais ou espirituais. As obras de misericórdia são quatorze: sete corporais e sete espirituais, conforme são corporais ou espirituais as necessidades que se socorrem. No Diário de Santa Faustina algo chama a atenção: "O Amor é a flor e a Misericórdia é o fruto". Todo ato de amor resulta em misericórdia, não há como fugir desta verdade! O menor ato de amor que for praticado, terá como resultado a misericórdia!

O papa Francisco convocou o Ano jubilar da Misericórdia e recomendou que durante esse tempo realizássemos as obras de misericórdia.

“Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. Ela é fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (Papa Francisco, O rosto da Misericórdia, 2). O Catecismo da Igreja Católica diz que as obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, abrigar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus. (Catecismo da Igreja Católica, 2447).

Partindo da Palavra de Deus e da Tradição da Igreja podemos falar em quatorze obras de misericórdia, sete corporais, a saber: dar de comer a que tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher os peregrinos, vestir os nus, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos e sete obras de misericórdia espirituais: ensinar os ignorantes, aconselhar os indecisos, admoestar os que erram, perdoar as ofensas, consolar os aflitos, suportar com paciência as fraquezas do próximo e rogar a Deus pelos vivos e defuntos.

As obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, numa lista enunciada pelo Senhor na descrição do Julgamento Final (Mt 25). A lista das obras de misericórdia espirituais a Igreja as tirou de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo como o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.

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As obras de misericórdias corporais

1) Dar de comer a quem tem fome Esta se refere à ajuda que se deve disponibilizar em alimentos e outros bens aos mais necessitados que não têm o indispensável para viver dignamente. Segundo o Evangelho de Lucas, Jesus recomenda: “Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo” (Lc 3,11). Outra vez: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,13). É bem verdade que as cestas básicas e sopões servidos nas madrugadas, não resolvem os problemas sociais, mas são uma solução imediata que sacia a quem sente o desespero da fome. No entanto, é urgente e necessário que se avance em políticas sociais que atinjam a causa da fome. Hoje, esta obra de misericórdia remete, particularmente, a todo um conjunto de cuidados e precauções para se evitar o desperdício de alimentos.

2) Dar de beber a quem tem sede O próprio Jesus afirma: “Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa” (Mt 10,42). Hoje em dia esta obra de misericórdia aparentemente parece sem grande sentido, visto que grande parcela da população tem água encanada em suas casas. Entretanto vale lembrar as populações que sofrem o flagelo da seca e que se batem, por vezes, com o desafio de andar quilômetros e mais quilômetros para buscar água a longas distâncias. De mais a mais, sabe-se que, a médio ou longo prazo, a água potável tende a ser um recurso cada vez mais raro, pelo que hoje esta obra de misericórdia remete particularmente a todo um conjunto de cuidados em vista do uso responsável da água para evitar o seu desperdício.

3) Acolher os peregrinos Em tempos antigos, pelas dificuldades e riscos das caminhadas e longas viagens, dar pousada aos viajantes era uma questão de vida ou morte. Hoje já não é mais tão comum, mas mesmo assim, poderia acontecer ter que se receber alguém em casa, não por amizade ou família, mas por alguma verdadeira necessidade. Jesus foi um desabrigado, já em seu nascimento, quando foi negado a José e Maria um lugar na hospedaria (Lc 2,7). Tendo em vista que a realidade dos tempos atuais é muito diferente da realidade da época bíblica, poderia até chegar a representar uma certa ingenuidade querer acolher, assim no mais, qualquer estranho ou ambulante de rua. Hoje, entretanto, pode-se encontrar facilmente, em muitos lugares, albergues de acolhimento que permitem praticar esta obra de misericórdia, como também atuar junto ao poder público por uma política habitacional satisfatória aos tempos atuais como obra de misericórdia.

4) Vestir os nus Esta obra de misericórdia visa aliviar a necessidade básica de um vestuário digno para resguardar a honra. Para tanto, o próprio Jesus exorta: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem” (Lc 3,11a), porquanto que o apóstolo Tiago escreve à comunidade que lhe foi confiada pastorear: “Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2,15-17). Basta conferir a parábola bíblica do Pai Misericordioso que acolhe o filho pródigo e manda vesti-lo com a melhor túnica a significar a recuperação da sua honra (cfr Lc 15,11-32). Aqui vale lembrar que a colaboração em campanhas de doação de roupas, por um lado pode ser um escape para despachar do que sobra ou do que já não serve mais, como pode, por outro lado, também ser doação do que ainda for útil. Hoje, a prática desta obra de misericórdia remete particularmente ao resguardo da honra. Manifestar solicitude junto aos marginalizados da sociedade para que consigam recuperar a honra e a autoestima em vista da retomada do brio de viver.

5) Dar assistência aos enfermos Os Evangelhos relatam abundantemente momentos em que Jesus acolhe, atende, socorre e cura doentes. Às vezes eles eram levados a Ele no entardecer (Mc 1,32-34). Em outras, pediam que Ele fosse até a casa do enfermo, como fez o oficial que pediu a cura do filho que estava morrendo (Jo 4,46-53). Vale lembrar também a cena da cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31). Trata-se de uma verdadeira atenção para com os doentes e idosos, tanto no aspeto físico, como em lhes proporcionar companhia. Cena paradigmática é a da parábola do Bom Samaritano que curou o ferido e, ao não poder continuar a cuidar dele diretamente, confiou os necessários cuidados a um outro, em troca de pagamento (cfr Lc 10,30-37). Assistir os doentes começa na família quando se lida com doenças prolongadas e, às vezes irreversíveis. Desdobra-se em ações com visitas aos que vivem a dor de sua enfermidade na solidão e no esquecimento, seja nas casas, seja em sanatórios. Trata-se de estar junto de quem sofre, mesmo sem entender a extensão do sofrimento. Hoje, assistir aos doentes até o fim, como é cultivado pela Pastoral da Saúde, vem a ser uma obra de misericórdia que implica inclusive em oferecer, além de recursos físicos e terapêuticos necessários, a devida assistência religiosa e espiritual.

6) Visitar os presos Consiste em oferecer aos presos, além de uma eventual ajuda material, também uma assistência espiritual que lhes sirva para se emendarem e até para desenvolverem esporadicamente algum trabalho que lhes possa ser útil quando terminar o tempo de reclusão que lhes foi imposto pela justiça. Significa também resgatar os inocentes e sequestrados. Em tempos antigos os cristãos pagavam para libertar escravos ou deixavam-se trocar por prisioneiros inocentes. Ficará à direita de Deus, no grupo dos bem aventurados, aquele que visitou os que estavam na prisão (cfr Mt 25,36). Hoje o acesso aos presídios passa por um rigoroso processo de triagem para visitas o que remete para a importância da organização de uma efetiva Pastoral Carcerária. A obra de socorrer os prisioneiros se desdobra hoje também em assistência às famílias de presidiários(as), seja com ajuda econômica, seja com uma ajuda para superar preconceitos.

7) Enterrar os mortos José de Arimateia pediu a Pilatos o corpo de Jesus, cedeu-lhe o seu próprio túmulo e lhe deu sepultura (cfr Jo 19,38-42). No Livro de Tobias consta que Tobit sepultava, com particular solicitude, os defuntos e os que tinham sido mortos (cfr Tb 1,20). Enterrar os mortos parece um mandato supérfluo, porque, de fato, todos são enterrados, mas em tempos de guerra ou grandes flagelos, esta obra pode vir a ser uma ordem particularmente exigente. Sendo o corpo morada do Espírito Santo, ele também merece uma sepultura digna (cfr 1Cor 6,19). O Catecismo da Igreja Católica recomenda que os corpos dos defuntos sejam tratados com respeito e caridade, na fé e na esperança da ressurreição. Dar sepultura aos mortos é uma obra de misericórdia corporal que honra os filhos de Deus pelo que, mesmo depois de mortos, seus corpos merecem respeito.

Por Guido Boufleur.

  • Editor do jornal “O Mensageiro”. Publicado no Jornal “O Missioneiro” da diocese de Santo Ângelo (RS), edição de maio de 2016

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