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TercoMiss

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Teologia

O corpo de Maria se faz casa que acolhe


No Evangelho de Lucas os capítulos 1 e 2 são chamados o Evangelho da Infância. Este é bem diferente do Evangelho da Infância de Mateus 1 e 2. A diferença nos ajuda a entender que a reflexão da comunidade tem como chão sua própria realidade, luz para sua própria caminhada.

Podemos também dizer que os capítulos 1 e 2 embora estejam no início do evangelho, foram escritos por último como uma síntese de todo o evangelho. Aí encontramos as coordenadas do Evangelho de Lucas, quer dizer todas as temáticas que vão ser desenvolvidas ao longo de todo o evangelho. Temáticas que são luzes para dar respostas aos conflitos, às dúvidas e interrogações que a comunidade vivia.

Lucas é um aprimorado narrador, constrói estes dois capítulos em modo magistral colocando em paralelo às duas mães e os dois filhos. Ele nos quer dizer que Jesus supera João Batista.

Então vamos notar sua estrutura:

  • Duas anunciações: Zacarias (1,5-25) - Maria (1,26-38)
  • Dois nascimentos: João Batista (1,58-80) - Jesus (2,1-40)
  • Um episódio de passagem: o encontro das crianças no ventre das mães (1,39-56)
  • Tudo se conclui com Jesus no Templo que fala pela primeira vez (2,41-52). Sendo as primeiras palavras de Jesus no evangelho, são muito importantes.
  • Os acontecimentos narrados são interpretados pelos quatro cânticos: Maria (1,45-55), Zacarias (1,67-79), Anjos (2,14), Simeão (2,29-32).
  • A orientação de Lucas é clara, evidente e significativa: estes dois capítulos são a chave de leitura da obra lucana.

Lucas 1,5-25: anúncio a Zacarias

Aconteceu v 5: às vezes as traduções não traduzem este advérbio de tempo importante em Lucas: kai egheneto = e aconteceu, podemos interpretá-lo assim: Lucas nos dá um sinal, é necessário parar, prestar atenção, pois o que está narrando é importante.

É começo de uma história e esta inicia em Jerusalém, centro do hebraísmo, umbigo do mundo. No Templo: centro do centro. Um homem da classe sacerdotal, que no tempo de Jesus era muito corrupta. Mas, entre ela há justos, pois Zacarias e Isabel são justos.

No início de cada história há uma carência, neste caso é a esterilidade do casal, pois eles não têm filhos. Parece uma regra na história da salvação: Abraão e Sara, Rebeca, Raquel… Lembramos a história de Rute: Belém a casa do pão não tem pão. Na história da viúva e anciã Noemi emerge uma estrangeira.

v 8 encontramos ainda aconteceu: no sacrifício vespertino (brasas e incenso oferecidos no santo) Deus intervém na história de esterilidade, afirmando que esta não é abandonada a si mesma, mas que Ele intervém, está presente.

Os Hassidim têm uma historinha interessante ligada a esta narração, diz assim: o anjo Gabriel enviado de Deus para oferecer a salvação a quem a acolhesse, voltou dizendo que não a ofereceu a ninguém, pois tinha quem era voltado para o passado, quem olhava para o futuro, ninguém olhava para o presente e por isso não viu sua presença e o que tinha a oferecer. Deus intervém na casualidade da história. Na casualidade humana, porém tem a presença do Espírito criador v 15.17 como em Gn 1,1ss.

Zacarias não acredita o percebemos pelo vv 19-20. Não acredita porque coloca na frente da palavra criadora a sua situação de evidente esterilidade. Ele sofre de miopia, pois olha e vê aquilo que é, mas não consegue ver o que poderia acontecer pela potência de Deus. Acreditar è difícil, pois o acreditar nos desafia a ir além das evidências. Ele não vê, não ouve por isso fica mudo.

Lucas 1,26-38: anuncio a Maria

Lucas faz um evidente paralelo entre: Zacarias e Maria; Jerusalém e Nazaré; Centro e Vila sem importância; Homem e Mulher; Sacerdote e Leiga; Templo e Casa; Liturgia e Cotidiano; Não crê e Crê; Duvida; Pergunta, pois quer entender Passivo e Ativa.

v 28: aqui há uma discussão entre católicos e protestantes e penso que estes últimos têm razão. O verbo grego karitomene é no perfeito passivo que ressalta a ação do sujeito. O sujeito é Deus: tu foste repleta de graça. A pessoa humana na sua carência tem capacidade de realização, pois nela age a força de Deus, seu Espírito.

fra angelico anunciacaoVentre em grego se diz koilon e koilea é céu, o ventre de Maria se faz céu e nela o divino se faz humano.

Acredita e por isso se diz serva. Geralmente acentua-se a humildade, tem isso, mas muito mais. Um exegeta num livro sobre Mariologia escreveu: ao sublinhar a humildade de Maria se apresenta o ideal de feminilidade, modéstia, silencio, acolhimento, humildade exaltando as virtudes femininas que favorecem e agradam o homem assim fazendo deturpa-se e avilta-se a figura de Maria.

O sentido é outro bem mais profundo: serva no sentido de servidores como Abraão e Sara, Miriam e Moisés, os Profetas, o Servo de Iahweh. Servo / serva na bíblia é aquele que na sua pobreza, precariedade, dificuldades aceita de acolher e realizar a missão, no plano que Deus lhe confia.

Maria aceita de entrar num plano que não entende plenamente, mas que Deus lhe confia, compreenderá pouco por vezes, no caminho.

Zacarias ficou mudo, voltará a recobrar a palavra ao voltar para casa e na casa ensaiar uma nova relação com Isabel, relação de amor que gera vida; relação que reconhece direitos, igualdade (1,23-24; 1,57-64); relação que lhe devolverá a palavra.

Lucas quer apresentar nas pessoas destes dois capítulos, Israel e sua história: caminho de fidelidade e infidelidade; caminho no qual às vezes é difícil acreditar. É a nossa história pessoal e de comunidade: a fidelidade e infidelidade fazem parte da nossa história não podemos nos abstrair dela, nos alienar… História que tem um sentido do jeito que ela é… tudo tem sentido à luz e na frente do rosto de Deus.

História misteriosa aos nossos olhos… quem teria pensado… mistério de Deus. Urge redescobrir o sentido do mistério. Podemos dizer que a decadência atual vem da ausência do mistério. As crianças são abertas ao mistério. Os adultos não querem desvendar o mistério, fogem dele para poder controlar tudo. Mistério é não saber tudo. As raízes da árvore estão na obscuridade do ventre da terra.

Tudo é mistério, qualquer pessoa é mistério, nós somos mistério a nós mesmos. Colocar-nos na ótica de Maria, na ótica do mistério: acreditar naquilo que não se vê, não se compreende, que será desvendado caminho fazendo.

A intervenção de Deus torna a história fecunda, seja por caminhos institucionais como Zacarias, mas, sobretudo pelos caminhos não ortodoxos como Maria.

Ir. Tea Frigério


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