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Vocação

Experiência missionária na África


Em agosto de 2015 eu desembarcava em Yaoundé, capital dos Camarões, para começar uma nova etapa de formação em vista da minha consagração missionária definitiva. Eu me definia como um jovem cheio de sonhos e profundamente apaixonado pela missão. Para mim, a missão na África não era simplesmente mais uma etapa de formação, ela representava acima de tudo a realização de um sonho nascido na adolescência e alimentado pelas escolhas que marcaram minha história vocacional.

O primeiro ano foi para mim o ano da descoberta e da adaptação. Um ano para aprender a nova língua e descobrir os encantos de um país que é definido como a ‘África em miniatura’ por apresentar todos os tipos de clima e características do continente africano. O segundo ano foi o ano da inserção e da proximidade com o povo. Estar próximo, acolher e amar. E o terceiro ano foi o ano em que as propostas e iniciativas começaram a surgir. O missionário é aquele que caminha junto com o povo e que, diante das situações concretas da vida, busca à luz da Palavra de Deus caminhos de vida e esperança.

O processo de adaptação é também um processo cheio de surpresas. Muitas vezes temos uma visão apaixonada de missão que é totalmente diferente da realidade que encontramos. O missionário deve ter uma grande capacidade de despojamento, ser capaz de relativizar certas coisas e nunca julgar a partir da sua visão de mundo ou do seu ponto de vista. O missionário não deve negar sua cultura, porém ele é chamado a se abrir a uma nova cultura cujos elementos essenciais podem o chocar em um primeiro momento.

O aprendizado da língua é outro elemento exigente, não tanto pela sua dimensão pedagógica, mas pelos resultados que queremos alcançar em tão pouco tempo de estudo. Ele é um processo lento, exige muita paciência e engajamento pessoal. Às vezes a lentidão do processo, que é normal nos primeiros meses, pode nos levar a questionar o processo de aprendizagem e mesmo a desistir pensando que não somos capazes de aprender. Por isso o primeiro ano exige um acompanhamento especial. É durante esse período que as crises podem nos desencorajar facilmente ou até mesmo nos levar a tomar decisões precipitadas.

A saudade, a solidão e o medo nunca me abalaram. Quando o missionário acolheu a nova cultura como uma riqueza ele é capaz de acolher também as pessoas como sendo uma extensão da sua própria família. O missionário é chamado a criar novas relações, relações saudáveis que são características de uma pessoa suficientemente madura e feliz com sua escolha. O medo se relativiza a partir do momento em que as lutas e os sonhos do povo se convertem nas nossas lutas e nos nossos sonhos. Estamos aqui para caminharmos junto com o povo, jamais para fazermos caminho solitário.   

Quando cheguei por aqui o país vivia o drama do terrorismo causado pelo grupo Boko Haram. Muitas pessoas inocentes perderam suas vidas e o país vive um processo de reconstrução. Porém, no extremo norte do país alguns ataques nos impedem de dizer que a luta contra o terrorismo acabou. Como dizem por aqui, o Boko Haram é um inimigo invisível: não sabemos quem é, de onde vem e quando vai atacar.

Por outro lado, si os atentados terroristas diminuíram, um outro grande problema abalou consideravelmente o país se tornando o início de uma guerra civil. No fim de 2016 a parte inglesa do país começou uma série de reinvindicações exigindo do governo melhorias e uma maior atenção para a região e seus habitantes. As primeiras reinvindicações partiram de um grupo de magistrados obedecendo uma certa formalidade na maneira de reivindicar. Porém, outros grupos aproveitaram da situação e o movimento de reinvindicação se transformou em um movimento separatista que exige a independência da parte inglesa do restante do país. Muitas pessoas morreram nos confrontos e o clima ainda é de muita tensão, sobretudo neste ano em que teremos eleições.

Toda essa instabilidade política ameaça fortemente o desenvolvimento do país e o futuro das crianças e dos jovens. Sem opções, o sonho da juventude se reduz a uma possibilidade de deixar o país em busca de uma vida melhor em alguma parte da Europa ou da América. Infelizmente, a busca por essa vida melhor tem o seu preço e suas consequências. Algumas pessoas que deixaram o país tiveram êxito, sobretudo os universitários, e outras vivem na pele o drama dos refugiados que embarcam para a Europa na rota da morte sem as mínimas condições de dignidade.

Em alguns momentos a vida continua sendo um pouco angustiante, sobretudo, quando não temos condições de ajudar todas as pessoas que realmente necessitam. Nesses momentos de angústia compreendemos que a coisa mais importante é a força que brota do amor. É preciso simplesmente amar e estar com eles. Aproximar-se das pessoas é partilhar o sofrimento e as dificuldades, mas é também fazer a experiência da partilha e da gratuidade. É o dar e receber ao mesmo tempo.

Mesmo diante dos dramas que dificultam a concretização dos sinais do reino de Deus como o amor, justiça, igualdade, paz e fraternidade, o povo camaronês traz no coração um sentimento de esperança que anima o sonho de construir um mundo melhor e com mais dignidade. Partilhando com o povo esses dramas e esperanças, sentimos uma força sagrada que nos encoraja a continuar nossa missão partilhando um pouco daquilo que somos e que temos para que o Evangelho seja anunciado e se torne um sinal de luz, vida e esperança.

Quando avaliamos uma experiência, olhamos sempre com atenção as possíveis falhas da caminhada feita e olhamos para o futuro sempre com otimismo. O missionário deve sempre se questionar, reconhecer seus possíveis erros e nunca ter medo de recomeçar. Depois de três anos posso dizer que continuo me identificando com aquele jovem cheio de sonhos e profundamente apaixonado pela missão. Me sinto feliz, realizado e dizendo sempre que nada foi em vão, tudo valeu a pena!


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