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Teologia

Celebrar o corpo de Cristo


Nós não temos direito de honrar o corpo de Cristo na eucaristia, se não o honramos e cuidamos dele na pessoa dos pobres e dos necessitados que estão em nossas ruas e nas calçadas em frente às nossas casas… (Dom Heler Camara).

Nesta quinta-feira, a Igreja Católica celebra a festa do Corpo e Sangue de Cristo. Muita gente conhece essa festa pela expressão latina Corpus Christi ou pelo modo como a tradição portuguesa espalhou pelo Brasil: festa do Corpo de Deus. Muitos de nós lembramos das procissões do Santíssimo Sacramento. Até hoje há locais nos quais ainda se ornamentam as ruas com enfeites de flores e tapetes pintados artisticamente para a procissão. Em décadas mais recentes, em algumas capitais, a procissão pelas ruas foi substituída por uma grande concentração de católicos em algum estádio ou ginásio de esportes, onde o bispo ou pároco celebra a eucaristia.

Essa festa foi iniciada em 1264 quando o papa Urbano IV mandou que toda a Igreja celebrasse esse dia para adorar a presença real de Jesus na eucaristia – Segundo a tradição, Jesus teria aparecido a uma jovem – Santa Juliana de Liège e pedido que se instituísse essa festa com três finalidades:
1 – aumentar a fé das pessoas na presença de Jesus na eucaristia,
2 – prosperar na prática das virtudes
3 – reparar as ofensas feitas ao Santíssimo Sacramento.

Os padres da época explicavam que as ofensas ao Santíssimo eram comungar sem estar em estado de graça, participar da eucaristia sem dar a devida importância ao mistério, etc…
Na época em que a festa foi fundada, a compreensão da missa na Igreja Católica insistia na repetição do sacrifício de Jesus no Calvário, oferecido ao Pai pela salvação do mundo. A devoção eucarística consisitia em adorar a hóstia consagrada como sendo a presença quase física do próprio Jesus. Pouco antes da instituição da festa, na cidade de Orvietto, na Itália, conta-se que um padre estava celebrando a missa e dizem que ele duvidava da presença de Jesus na hóstia. De repente, depois da consagração, a hóstia começou a sangrar e o sangue ensopou a toalha e os panos do altar. Até hoje, na catedral de Orvietto se encontram como relíquia os panos que teriam sido embebidos de sangue.

Atualmente, vivemos em outra época e temos outra cultura. Já há mais de 50 anos, o Concílio Vaticano II nos ensinou que a eucaristia não existe em primeiro lugar para a gente adorar o Cristo (podemos sim adorar, é claro) mas o mais importante é nos unir a ele (comungar) em uma comunhão que é comunitária e significa partilha de vida e de missão. Na Idade Média, a compreensão da fé e da devoção era absolutamente privada, individual. O importante era a pessoa crer na presença real e adorar. O evangelho insiste mais na relação comunitária e no gesto de comer e beber.

No século IV, Santo Agostinho ensinava aos novos batizados na noite de Páscoa: “O que vocês veem no altar, o pão e o vinho são sinais (sacramentos) do que nós somos. Nós é que somos o Corpo de Cristo. E o pão e o vinho consagrados representam o que nós somos. Quando vocês vierem comungar e o celebrante disser a cada um: Corpo de Cristo. Vocês respondem Amém ao que vocês são. Vocês são o Corpo de Cristo e o pão é corpo de Cristo para que vocês se comportem como corpo de Cristo. Respondam Amém ao que vocês são: Corpo de Cristo” (Sermão 207).

Atualmente, qual o desafio que enfrentamos para celebrar a festa de Corpus Christi mais de acordo com o evangelho?
1 – Não podemos pensar a festa nem a fé como se fôssemos a única Igreja cristã e pouco nos importasse o que pensam as outras. Temos de pensar a eucaristia de forma ecumênica e inclusiva e não daquela forma medieval de impor a nossa fé aos outros, sair com o Santíssimo na rua para mostrar que nós cremos, etc…
2 – Temos de trabalhar mais essa relação entre reconhecer a presença de Jesus no sacramento mas saber que o primeiro sacramento eucarístico é a nossa Igreja local, a nossa comunidade. O corpo de Cristo somos nós. Em cada missa, depois de lembrar as palavras de Jesus na ceia, o celebrante diz: Eis o mistério da fé! Esse mistério da fé é o pão e o vinho, mas é principalmente a comunidade ali reunida para celebrar e que em cada eucaristia se torna verdadeiramente Corpo de Cristo…

Em relação a isso, vivo alguns anseios e sofro pessoalmente. O primeiro anseio que, em mim é como uma angústia que se torna oração: peço a Deus que a nossa eucaristia possa voltar a ser celebrada como Ceia do Senhor, como momento de partilha e de festa na comunidade – como ceia de amor, carinho, relação de solidariedade e não como um culto por demais hierárquico, celebrado em uma forma ainda muito clerical e pouco comunitária e ainda insistindo na visão sacrificial. Embora ninguém mais pregue assim, quando falamos em sacrifício, parecemos dizer ao mundo que cremos em um Deus cruel que para perdoar os homens precisava que o seu próprio Filho morresse na cruz e que cada missa renovasse esse sacrifício para o mundo ser salvo. Isso é um absurdo… na forma de falar de Deus.

O segundo sofrimento é ver nos evangelhos que toda refeição de Jesus foi inclusiva. Jesus sempre ceou com os pecadores e gente excluída. A sua última ceia foi tão inclusiva que até o traidor Judas antes de sair no meio da ceia recebeu de Jesus o pão molhado que era dado (na ceia judaica) como sinal de carinho privilegiado. Ao contrário disso, apesar de todos os esforços do papa Francisco, ainda predomina em nossa Igreja uma espécie de apartheid eucarístico – protestante não pode comungar – gente divorciada ou que vive uma vida moral considerada pela Igreja como irregular não pode comungar e assim por diante… E Jesus disse claramente: Eu vim não para os justos e sim para os pecadores.

Então, nessa festa de Corpus Christi, me lembro de Dom Helder Camara que, retomava uma palavra de São João Crisóstomo no século IV e dizia: Nós não temos direito de honrar o corpo de Cristo na eucaristia, se não o honramos e cuidamos dele na pessoa dos pobres e dos necessitados que estão em nossas ruas e nas calçadas em frente às nossas casas…
A eucaristia existe para que lutemos por “Pão em todas as mesas, da Páscoa nova a certeza: A festa haverá e o povo a cantar: Aleluia”.

Marcelo Barro


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