Meu primeiro contato com os Missinário Xaverianos foi no ano de 1985, de certa forma inusitado. Eu trabalhava de vendedor em uma loja de materiais de construção em Piracicaba e, certa vez atendi o Padre Vicente Tonetto quando lhe perguntei se ele era o Padre do Itapuã, isto é da Paróquia São Francisco Xavier. Logo ele me disse:  sou sim e você?  Respondi que morava no jardim das flores que faz parte da Paroquia, porém, logo ele me disse: você não mora lá não pois nunca te vi na Igreja. 

No domingo seguinte fomos à missa, eu, minha esposa e nossas três filhas.   A Capela da nossa comunidade, com todo nosso bairro, estava em construção inacabada, como todo bairro de periferia. Quando ele chegou com aquele olhar característico de uma Águia que enxerga longe, viu-nos e falou em voz alta: há você veio!  Assim foi meu primeiro contato com esse homem santo de Deus que durante uns dez anos foi extremamente generoso comigo e com minhas limitações. Lembro-me, um certo domingo estávamos pintando nossa casa por dentro passando cal nas paredes, bate palma, e para a nossa surpresa, era a visita do Padre Vicente. Oi Artidonio, vim almoçar com vocês... Respondi:   hoje o nosso almoço vai ser pão com mortadela, e ele logo respondeu:  então este será nosso almoço. Foi um momento de alegria.

No ano de 1994 fomos fazer o ECC (Encontro de Casais com Cristo). Na hora do cafezinho, em um breve encontro com aquela expressão muito forte, ele me disse:  Graças a Deus, até que enfim você veio.  Assim começou nossa caminhada com os missionários Xaverianos.

No ano de 1998, o Ayrton Ruiz me convidou para uma reunião no Itapuã.  Chegando lá, o Padre Alécio Cabras queria formar uma equipe para coordenar as santas missões populares. Foi um tempo do despertar e conhecer realmente o sentido da igreja missionária em saída. Nesta formação comecei a estudar, conhecer e me apaixonar pela figura do apóstolo Paulo. Foi um tempo muito especial de graça e conhecimento da palavra de Deus. Padre Alécio, figura impar, temos muitas historias pra contar deste tempo de graça.

Em 2011 fui participar da missa na comunidade Santa Isabel, bairro Costa Rica, que fazia parte da minha nova Paróquia: Imaculado Coração de Maria, onde sempre fui muito bem acolhido. Padre Giovanni Murazzo falou da viagem para a canonização de São Guido Maria Conforti. Logo me veio à mente:  sou parte desta história, preciso ir. Tinha vários motivos para o meu sim: primeiro, participar da canonização de São Guido; segundo, conhecer a igreja de São Paulo Fora dos Muros; terceiro, o sonho de reencontrar um grande amigo que estava em Moçambique, padre Bruno Boschetti que infelizmente morreu um dia após a canonização.

Na viagem a Roma, fiquei conhecendo melhor o Padre Giovanni Murazzo que é um verdadeiro pai e nos tornamos grandes amigos. Nesse ano de 2012, ele me convidou para trabalhar na paróquia.  Estava ele, padre Paulo e padre Wagner. Como sempre acreditei que o convite era do próprio Cristo feito através da pessoa do Padre Giovanni, por isso, logo respondi que sim sem saber qual seria o trabalho, pois afinal Deus capacita os escolhidos. Então comecei meu trabalho no COMIPA (Comissão Missionária Paroquial) onde fui entrando num laço de conhecimento da missão ad-gentes que nossa Paróquia já fazia desde o ano 1998, quando os Padres Bruno Boschetti e João Bortoloci foram enviados para fundar a missão xaveriana em Moçambique.  Sendo eles enviados para esta missão à partir das nossas paróquias xaverianas de Piracicaba, foi iniciada a festa missionária das comunidades que se tornou uma tradição anual onde enviamos toda a arrecadação para a missão do Moçambique. Tudo isto foi despertando em mim uma paixão e um sonho de conhecer a missão e também aquela gente até que em 2019 quis Deus que eu realizasse esse sonho.

 Fui convidado pelo padre João para irmos à Moçambique, convite que aceitei imediatamente. Vale ressaltar que em fevereiro de 2019 a cidade do Dondo onde fica a casa central da missão xaveriana em Moçambique tinha sido arrasada por um ciclone onde todas as vertentes do pensar com a razão dizia que não era o momento da visita, porém o sonho era maior que todas adversidades:  medo da cólera e da malária. Então em setembro partimos rumo ao Moçambique onde foi um tempo de graça e contemplação de um povo extremamente carente mais cheios do amor de Deus.

A conclusão que pude tirar nesta breve experiência missionária em Moçambique é a de que precisamos nos deixar iluminar pelo Espírito de DEUS, ver e sentir com o coração Dele senão a gente perde a riqueza da manifestação de Deus no outro.  Lá pude reviver a passagem do evangelho do bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas, que conhece suas ovelhas pelo nome e que as ovelhas conhecem o seu Pastor.

Aqui vai a minha saudação a todos os da missão em Moçambique a quem cumprimento todos nas pessoas dos padres Kowa e Kique.  Que Missão linda! Uma terra de irmãos.  Também nessa viagem fui conhecer o túmulo do meu amigo Padre BRUNO BOSCHETI onde pude constatar que ele está sepultado no meio do nada, como também e o destino da maioria daquele povo. Isso me trouxe uma clareza de poder perceber que o nada do olhar humano é tudo em DEUS.

Vai o meu abraço a os padres Xaverianos que convivi onde sempre a nossa casa e a nossa família foi uma extensão da casa e da família deles. Vai também, o meu agradecimento à minha esposa e filhas que sempre estiveram comigo em todos os momentos me encorajando e dando força para a realização dos meus sonhos.

“O Senhor não poderia ter sido melhor para comigo”

Artidonio Rodrigues da Silva