O envio de Jesus dos seus onze discípulos (Mt 28,16-20), tem dois dados muito sugestivos: 1) vários deles "duvidaram" ... 2) as palavras de Jesus são pronunciadas com tanta força que as transbordam com coragem inevitável. Jesus não diz: olhem ai lhes encarrego ... por favor ... se tiverem tempo, se puderem, se quiserem, se o sentirem em seu coração ... Não. Jesus diz brevemente: "Vá", anuncie, ensine (verbos imperativos) tudo o que eu te ordenei. A missão não é uma questão de voluntários, é uma tarefa, uma responsabilidade ou um compromisso inerente ao nosso batismo e à nossa consagração carismática.
A missão é uma necessidade para todos os discípulos de Cristo (somente uma vida com missão tem futuro). Eles duvidaram e, apesar disso, ele os enviou ... Porque a missão é dele, seu Espírito em cada um de seus discípulos e, além disso, Ele estará com eles todos os dias até o fim da história. Mesmo duvidar não nos exime do mandato de testemunhar e anunciar.
Por sua vez, a humanidade está no meio de circunstâncias que oferecem à espiritualidade a oportunidade de uma nova primavera. Adverte-se a necessidade de uma nova elaboração espiritual da existência. A mesma palavra espiritualidade hoje desperta esperança. No entanto, nem tudo parece tão positivo neste despertar que se abre para o espiritual: há riscos de regressão - para fundamentalismos como: o "divino imediato" (anjos, movimentos esotéricos ...), a "pouca intimidade comprometida" (elitismo) e o "ritualismo mágico".
Também dentro da Igreja há uma demanda insistente por espiritualidade, por uma nova espiritualidade, autenticamente evangélica. Hoje, muitos leigos são protagonistas de novas escolas, correntes ou movimentos de espiritualidades que animam grandes grupos na Igreja.
Com relação à realidade interna de nossa Congregação, no momento em que cruza a linha dos cento e vinte e cinco anos de história, nós Xaverianos reconhecemos que, diante dos grandes desafios de nossa missão hoje, é urgente renovar em cada um de nós e em a cada comunidade o dinamismo espiritual e missionário de nosso Fundador. As palavras que a Ratio Missionis Xaveriana codificou a esse respeito, ainda são válidas: "A gravidade das situações que estão sendo vividas em vários países ... levanta sérias questões sobre nossa maneira tradicional de fazer missão e sobre como afrontar o futuro" (4). "Sentimos a necessidade de uma vida espiritual apostólica mais intensa, personalizada e profunda" (22). "Nossa espiritualidade foi enriquecida pela experiência de mais de cem anos da vida da Congregação" (22). Nosso itinerário é um caminho espiritual que já se mostrou eficaz e "acolhido e proposto pela Igreja para o cumprimento de nossa vocação missionária" (22). “Circunstâncias semelhantes às atuais não desencorajaram a Guido Maria Conforti. Seguindo seu exemplo e discernindo os tempos, queremos encontrar na fé em Cristo e em seu Evangelho a força para relançar nossa missão e renovar nosso compromisso com ela todos os dias” (5)
Os xaverianos, por identidade e vocação, compartilhamos uma espiritualidade muito essencial, fundamentada no mandato que nos consagra a todos pela missão. O que é específico dos Xaverianos é nossa consagração por uma missão ad gentes (a serviço de não-cristãos), ad extra (além de suas fronteiras, idioma, cultura, costumes e hábitos) e ad vitam (por toda a vida e com toda a vida).
O projeto ou ideal de vida que o Bispo Conforti propõe a seus seguidores para a realização da especificidade xaveriana está estruturado com base em cinco linhas principais, comumente chamadas entre nós como as cinco constantes do carisma: centralidade de Cristo, propósito missionário, consagração religiosa, espírito de família, personalidade cristã madura e perfeita.
Vamos redescobrir, então, as formas e recursos efetivos que temos para nos abrir para aquela experiência espiritual específica e forte que dá à luz e alimenta a missão xaveriana. Faça o teste e verá como o Senhor é bom conosco! (cf Sal 34.8)
Pe. José Antônio Flores Osuna, sx.
