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A origem mais próxima dessa obra é a tese de doutorado defendida na PUCPR em fevereiro de 2021, pelo padre Raschietti sob a orientação do teólogo pastoralista Agenor Brighenti. Mas na realidade, ando refletindo, pesquisando, escrevendo sobre teologia da missão há um bom tempo, antes como ensaísta, pesquisador, assessor, professor, e depois como coordenador do Centro Missionário Nacional de Brasília, DF, organismo da CNBB que agrega o CENFI, (Centro de Formação Intercultural) de iniciação à missão no Brasil para missionários estrangeiros, o SCAI (Serviço de Colaboração Apostólica Internacional) e o CAEM (Centro de Animação e Estudos Missionários). Talvez em Brasília, tivemos a oportunidade melhor, durante oito anos, de elaborar e sistematizar muitas das teses apresentadas neste livro.

Uma vez terminado o serviço no CCM, tinha chegado a hora de encarar a pesquisa acadêmica em vista de propor uma obra consistente de Teologia da Missão não mais “importada” de fora, mas a partir da nossa caminhada eclesial: como se compreende e se articula a missão no seu lance ad gentes, a partir do Brasil e da América Latina?

Lá se vão quase trinta anos em toda essa labuta. Como já escrevia José Carlos Mariátegui (1894-1930), “meu pensamento e minha vida são uma coisa só, um único processo … e se algum merecimento espero e reclamo que me seja reconhecido é o de colocar todo meu sangue em minhas ideias”. Da mesma forma, e com muito menos presunção, colocamos neste estudo um pouco de nós, de nossa caminhada, de nossa fé, de nosso amor, de nossa esperança, de nossa conversão e, particularmente, de nosso processo interior de descolonização.

Sou um missionário cristão católico, presbítero, italiano, branco, hetero, de origens humildes, mas proveniente de uma das regiões chamadas de Primeiro Mundo, de um país que se entende como centro de uma grande e antiga civilização e de uma tradição espiritual que irradiou o cristianismo até os últimos confins. Por vocação ou por destino, pertenço a uma congregação missionária cujo carisma se enraíza nos modelos missionários do Ocidente dos séculos XIX e XX, e enfatiza particularmente a missão ad gentes em sua dimensão universal: apesar de todas suas ambivalências históricas, acredito profundamente que esse seja um traço caraterístico de nossa fé e da mais autêntica identidade eclesial.

Desde que cheguei ao Brasil, venho acompanhando o processo de assimilação, interiorização e amadurecimento da consciência missionária no povo de Deus nas diversas instâncias eclesiais. O ideal da missão de fronteira (periferia) e de além-fronteiras (ad gentes), é tradicionalmente carregado de um dissimulado colonialismo espiritual, vinculado à figura do missionário como herói generoso, entregue, destemido, enviado aos pobres como santo justiceiro e benfeitor. A desconstrução desse imaginário precisa de uma abordagem interdisciplinar psicológica, antropológica, histórica, sociológica, mas sobretudo teológica, na elaboração de um novo paradigma missionário, uma concepção totalmente renovada do que consiste a missão evangelizadora dos cristãos no mundo hoje, que afinal, é a tarefa própria e permanente da missiologia.

Certamente, o termo “missão” e seus derivados adquiriram nos últimos tempos sentidos motivadores e polissêmicos, mas também desconforto pelo exclusivismo salvífico implícito.

A missão cristã moderna jamais conseguiu se desvencilhar totalmente de um colonialismo entranhável. O mandato pós-pascal do Ressuscitado de fazer discípulas todas as nações (Mt 28,19), foi interpretado na maioria das vezes em chave proselitista de conquista espiritual. A operacionalidade desta concepção envolveu submissões, depredações, agressões em nome da fé, mesmo os missionários defendendo os nativos da violência física perpetrada pelos colonizadores, mas não poupando-os da violência epistémica que subjugava suas culturas e condenava suas expressões religiosas.

Por ocasião da celebração dos quinhentos anos de evangelização da América (1992) movimentos e articulações das igrejas cristãs chegaram seriamente a contestar a legitimidade desta epopeia em relação ao mais genuíno patrimônio evangélico: Jesus de Nazaré não fundou uma religião, não subjugou ninguém, não condenou ninguém, não saiu de sua terra natal e entendeu a si mesmo simplesmente como enviado a anunciar o Reino de Deus ao seu povo (Mt 15,24). Afinal, qual era a verdadeira origem e essência do impulso missionário do cristianismo?

Em diversas oportunidades, os cristãos tiveram que se deparar com essas questões cruciais e elaborar respostas significativas, inovadoras e motivadoras, particularmente, no século XX, quando perceberam com maior clareza o colonialismo como problema estrutural para a evangelização. Vez por vez, reafirmaram com decisão a índole missionária universal da vocação cristã, atualizando premissas e fundamentos, reelaborando metodologias e linhas de ação, reconhecendo elementos espúrios e contrafações históricas, aprimorando práticas e aproximações aos pobres e aos outros.

Para a Igreja católica, o Concílio Ecumênico Vaticano II foi um divisor de águas na maneira de entender e praticar uma missão “descolonizada” da Igreja no mundo. Na América Latina, a caminhada eclesial começou a se configurar em torno dos eixos libertadores da “opção pelos pobres”, da “comunhão e participação”, da “evangelização inculturada”, do “serviço ao Reino da Vida” e da conversão pastoral, cultural, ecológica e sinodal.

Todavia, resta muito caminho a fazer, pois uma razão colonial oculta nas melhores intensões, instaladas nos fundamentos da fé e da vivência cristã, ainda sobrevive. De que maneira, então, poderíamos articular hoje um discurso sobre uma missão em chave “decolonial”, orgânica, integrada à realidade latino-americana e aberto ao encontro com os outros povos do mundo?

Essa obra apresenta algumas pistas de ordem teológica, pastoral e espiritual, a partir das premissas implementadas pela eclesiologia conciliar e pela tradição eclesial continental, em diálogo com as provocações instigadas pelo pensamento decolonial latino-americano. A “volta às fontes” bíblicas e patrísticas sugere retomar uma noção teológica de missão despretensiosa, despojada, desarmada, disposta a habitar as fronteiras e descalçar-se para caminhar com os sobreviventes rumo à promoção de uma vida plena. Desmascarar toda cumplicidade com as relações coloniais, desenvolver ferramentas para detectar posturas hegemônicas, colocar a missão cristã como aliada dos povos subalternos, deverão ser os exercícios permanentes de uma missiologia crítica, conectada pluriversalmente com as causas eco-libertadoras globais.

Desta maneira, a missão de conquista é chamada a se tornar “serviço”, a missão de expansão é chamada a se tornar “encontro”, a missão de salvação é chamada a se tornar “proximidade”, a missão de implantação é chamada a se tornar “interculturalidade”, a missão de civilização é chamada a se tornar “subversão”. O mais importante nesse processo, não será o que a missão será capaz de realizar, mas o que será capaz de se tornar.

Estêvão Raschietti


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