A narrativa de Mateus (Mt 2, 13-18) lembra de todos os meninos que foram cruelmente mortos pelo rei Herodes por ocasião do nascimento do menino Jesus. De acordo com a tradição todos os meninos de até dois anos foram mortos, para garantir que o filho de Maria fosse também eliminado e com isso o "reinado" de Herodes não fosse ameaçado.
Mesmo expressando um êxodo às avessas, pois agora o Egito não é mais lugar da opressão e sim do exílio do Deus-Menino, que revisita a história, tornando-o lugar de proteção. Mateus lembra também que um homem – José -, acreditou nos sonhos e assim salva o menino Jesus. Exige de José atitude: Levanta-te! Sai pelo deserto levando consigo Jesus e Maria para tirá-los das mãos do sanguinário Herodes.
Ainda hoje temos muitos “Herodes”, sob os nomes de fome, miséria, morte, miséria, intolerância religiosa, falta de educação pública e de qualidade, falta de segurança, guerras, ganância e tantos outros nomes.
Mais da metade dos refugiados do mundo são crianças. Em regiões como o Afeganistão 9 crianças são mortas ou mutiladas por dia. Entre 2009 e 2018, cerca de 6.500 crianças foram mortas e outras 15 mil ficaram feridas, fazendo com que o Afeganistão se tornasse uma das zonas de guerra mais letais do mundo. Segundo o UNICEF, além dos impactos diretos das violências, as vidas das crianças foram marcadas também pelos efeitos da soma de desastres naturais, pobreza e subdesenvolvimento. Em tantos países ainda morrem crianças sem acesso às vacinas, contra poliomielite e sarampo.
Entre a Colômbia e Panamá, uma das selvas mais perigosas da América Latina aumentou em mais de 600% o número de casos de homens, mulheres grávidas, adolescentes e crianças que saem em travessia, à procura de oportunidade no México, EUA e Canadá. (ONU) Em outros locais como a África, a luta diária pela água e esta não é potável. Em outros países é a prostituição infantil que não respeita idade, em outros ainda o tráfico.
Quantos hoje estão nesse dilema: ficar na sua pátria e morrer ou fugir e manter acesa a esperança de salvar a vida da sua família. Somos chamados a agir como José a colocar-se a caminho para defender a vida. Este é o desafio, isto nos exige o Evangelho e o testemunho de José!
Diante de tantas situações de morte somos chamados a ser José, acreditar no sonho., acreditar e lutar pela vida. Levantar-se e buscar novos caminhos, mesmo que difíceis. Somos chamados a acreditar na vida, na esperança de dias melhores. Pois somos filhos e filhas do Deus da Vida!