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Teologia

APARECIDA, LUGAR SAGRADO


As águas do rio Paraíba do Sul, nas proximidades do Porto de Itaguassu, tornaram-se “encantadas” em 1717. Ofendem-nas hoje a poluição, causada inclusive pela própria basílica. Mas, são águas que fluem a memória e a presença da sagrada da imagem quebrada, que três pescadores acharam no fundo do rio.

A narrativa popular diz que a “aparição” da imagem foi seguida de uma pesca milagrosa. Guardado com veneração o corpo sem cabeça, imediatamente a cabeça foi achada “mais abaixo”, e o pescador João Alves, na canoa, guardou num pano essa imagem machucada. Após quinze anos de culto familiar, na casa do pescador Filipe Pedroso, a Tenda da presença de Deus na solidariedade fraterna dos pobres estabeleceu-se sobre um altar de paus, numa capelinha de beira de estrada, na Vila de Guaratinguetá. A devoção do povo tinha grande irradiação.

Foram os escravos do capitão Raposo Leme, com a ajuda de pessoas da vizinhança, que construíram a igreja velha, no Morro dos Coqueiros, em 1745. O santuário é morada da imagem milagrosa, através da qual se tem intimidade com a Mãe que, por sua vez, é morada do Salvador. A imagem reciclada pelos pobres, nos malabarismos de sua riqueza cultural, é signo que se abre e se entrega a contínuos ajustes e acréscimos de sentido.

Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, desde o início do século XVIII é lugar de gente pobre, escravizada, explorada e profundamente devota em sua fé cristã. No ciclo da mineração constituiu-se como um entreposto de mercadorias e de escravos, um lugar de passagem de tropas, comerciantes e multidões de migrantes, gente de todas as classes sociais, na avalanche da febre do ouro que trazia gravíssimos problemas sociais e constante repressão policial.

O século XIX foi o do ciclo do açúcar, que consumia os escravos nos canaviais. A sobrevivência através da pesca era a tentativa dos pobres, submetidos a dura recessão.

Aparecida

Maria “apareceu” nesse lugar, num ambiente de forte tensão social, achada por pescadores explorados. Assumiu a cor da etnia mais discriminada e excluída. Seu culto nasceu, propagou-se e se mantém através da fé ativa de pessoas leigas empobrecidas, humildes e anônimas. E o primeiro favorecido por um milagre dela foi um escravo fugitivo e recapturado que, ao invocá-la, viu se quebrarem as pesadas correntes que o prendiam pelo pescoço.

O lugar da imagem oficial deveria ser um centro simbólico da cristandade brasileira. A imagem da Senhora da Conceição foi utilizada para dar coesão interna à identidade da nação. Mas, o povo brasileiro surgiu e cresceu de uma maneira constrangida e deformada, debaixo de extrema violência, escravização e extermínio.

O santuário de Aparecida, que põe em movimento multidões de romeiros do centro-sul do país, é mais um dos diversos santuários marianos, numa realidade policêntrica de catolicismo devocional.  No imaginário do povo devoto, a basílica de Aparecida não é, exatamente, o centro nacional da catolicidade. E o universo simbólico e o complexo calendário de festas das classes populares desencontram-se do controle político-econômico e também do controle da Igreja.

Dom Pedro I reafirmou a Senhora da Conceição como padroeira do império brasileiro, tolerando como apêndice o título de Aparecida. Mas, sua cor negra foi alvo de intolerância. Em 1854, o bispo da diocese de São Paulo, Dom Antônio Joaquim de Melo, tentou branqueá-la, mandando que se queimassem as estampas em que ela era representada negra e apresentando para a difusão uma estampa da Aparecida na cor branca, que mandara imprimir na Franca.

A igreja velha foi ampliada, declarada santuário episcopal em 1893 e confiada aos missionários redentoristas alemães. A imagem foi solenemente coroada em 1904, em 1908, o santuário recebeu da Santa Sé o título de basílica menor. Na década de 1930, o episcopado brasileiro conseguiu reunir grandes massas de fiéis e ostentar, diante do governo secular, o poder da nação católica.

Dom Sebastião Leme proclamou, a 31 de maio de 1931, o título de Rainha e Padroeira do Brasil, que, no ano anterior, o papa Pio XI havia concedido à imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Junto a um milhão de fiéis e perante as autoridades civis e militares, a Igreja mostrou sua competição com o populismo de Getúlio Vargas. Em 1980 inaugurou-se a basílica nova, ocasião em que a imagem milagrosa recebeu, da Santa Sé, a rosa de ouro. O governo secular, por sua vez, deu-lhe um feriado nacional.

No santuário de Aparecida, é preciso escutar a voz de Maria que canta a ação do Deus libertador dos pobres. Como discípulas e discípulos do seu Filho, temos que reafirmar e atualizar a opção pelos pobres, buscando dar respostas concretas e eficazes para os problemas de injustiça que persistem nas relações sociais de classe, gênero, raça/etnia, geração, cultura. Temos que abraçar a inculturação da boa nova, inclusive no diálogo aberto e solidário com as inusitadas recomposições do imaginário do povo.

Maria Cecília Domezi


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