A voz e a luz da consciência nos mostram a verdadeira alegria nascida do bom uso do tempo livre.
Em todos os continentes existem pessoas que esbanjam muito dinheiro e energia para se divertirem sem limites, buscando todo o tipo de lazer, ‘custe o que custar’. Na cabeça das pessoas, o lazer se torna, de certa forma, a regra da vida e talvez uma vida sem regras: é quase uma obrigação, um dever, um imperativo imprescindível, a tal ponto que se cria uma crença de que quem não souber se divertir não existe; e, se alguém existe é porque se diverte.
Muitas vezes, curtir é tirar fotos e selfies, e mostrar ao mundo inteiro o minuto de glória. Inclusive a um custo financeiro para além das necessidades básicas e imprescindíveis. Outro aspecto do mesmo lado da medalha tem algo de inquietante. As pessoas, principalmente jovens e adolescentes, na procura de farrear, de viver fortes emoções, consomem a própria vida sem bom senso. E até sem ética.
Trocam o dia pela noite em pancadões estrepitosos, intermináveis e frequentemente tumultuados. Ou no isolamento do quarto, onde passam as madrugadas de olhos pregados em telas de vídeo com sites onde tudo é liberado. É claro que, se além do excesso de tempo de diversão e de “fuga”, entrarem aí também o álcool, cigarros ou outras drogas, os cenários e os efeitos colaterais se ampliam e podem gerar gravíssimos problemas de solidão existencial, de esgotamento emocional e até de medo do silêncio e do convívio com o mundo real, com as outras pessoas e com a própria identidade. Livre arbítrio sem prudência, sem disciplina e sem responsabilidade sempre gera problemas e angústias nos relacionamentos humanos.
Por outro lado, a gestão do lazer pode se tornar uma escolha ética em nossa vida porque, com bom senso e coerência podemos aprender a administrar e a viver o nosso legítimo direito à diversão. Sabemos que a nossa capacidade usar o livre arbítrio precisa da verdade, da justiça, da solidariedade e da caridade para se solidificar e iluminar a nossa existência.
A consciência da corresponsabilidade em vista do bem comum nos impulsiona a crescermos na sensibilidade e na escolha de substituirmos tentações de experiências de lazer desenfreado por experiências concretas de alegria compartilhada: mais serviço, gratuidade, amizades verdadeiras, leituras de livros interessantes e de voluntariado. Vamos iluminar e enriquecer os nossos momentos ou dias de lazer com a força e os valores da ética. Dúvidas? Experimente!
Pe. Gabriel Guarnieri, sx