Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda! Eu que faço parte da rotina de uma delas. Sei que a força está com elas. (Mulher - Erasmo Carlos)
A música gravada pelo cantor brasileiro, Erasmo Carlos em 1981, com o título “Mulher”, expressa o que este texto gostaria de ressaltar: “O florescer da liderança feminina” na Igreja Católica e na Sociedade. Nos últimos anos, nota-se o desempenho das mulheres em funções historicamente ocupadas somente por homens. A liderança feminina vem ganhando cada vez mais espaços no setor empresarial e igualmente em posição de maior liderança em cargos de destaque na Igreja Católica.
Destacamos três mulheres que são exemplos desta força feminina: Ângela Merkel, a política Alemã, descrita como a maior líder feminina da União Europeia; A brasileira Luiza Trajano, empreendedora, fundadora do Magazine Luiza. Ela recebeu vários prêmios internacionais devido ao seu bom desempenho em carreira; Helena Pereira de Lima, missionária leiga brasileira com 64 anos, do Estado de São Paulo, está a três anos em Moçambique na diocese de Pemba. Apesar de morar em uma realidade sócio-cultural muito complexa e com grandes dificuldades, ela se destaca na missionaridade e no cuidado de pessoas vulneráveis.
Desde o início da pandemia, lá estavam elas, cuidando da saúde dos menos favorecidos, no ensino online, na assistência social, no acompanhamento da população vulnerável, que antes era considerada como “invisível” por uma sociedade excludente que faz com que cresça de uma forma sem precedentes, a distância entre pobres e ricos.
A liderança está presente em todos os ambientes: trabalho, vida familiar, na Igreja, na política, economia etc. Na verdade, exercemos liderança junto às pessoas que foram confiadas aos nossos cuidados. Entende-se liderança como ação capaz de influenciar pessoas, levando-as a darem o melhor de si, em atuações que lhe são confiadas. Segundo o autor James C. Hunter liderança é: “A habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum” (HUNTER, 2004, p.25).
O peso da cultura, leva ao desânimo e a falta de engajamento e compromisso com a transformação da realidade, seja essa para homens e mulheres. Para as mulheres, liderar na cultura do cuidado, é algo de natural, faz parte de sua essência materna.
Papa Francisco muitas vezes retoma o tema sobre a liderança feminina na Igreja, ele ressalta com muita frequência a importância em dar oportunidades às mulheres também em funções administrativas. A esse respeito, assim se expressa o pontífice: "Devemos promover a integração das mulheres nos lugares em que são tomadas decisões importantes", e acrescentou: "Rezemos para que, em virtude do batismo, os fiéis leigos, especialmente as mulheres, possam participar mais nas instituições de responsabilidade da Igreja, sem cair nos clericalismos que anulam o carisma laical e que mancham o rosto da Santa Mãe Igreja" (PAPA FRANCISCO, 2020).
O presidente da conferência episcopal portuguesa Dom José Ornelas, em uma homilia presidida no Santuário de Fátima, salientou que é necessária uma “mudança de paradigma” com relação ao papel da mulher na Igreja, valorizando-a, reconhecendo a importância do papel feminino na Igreja demasiadamente focada nos ministérios ordenados (Cf. SANTUÁRIO DE FÁTIMA, 2020).
A presença feminina é destaque no movimento de Jesus desde o início, sem dúvida Maria a Mãe de Jesus é a principal protagonista nesse cenário, e com ela, muitas outras. É com inquietude que se constata em muitos ambientes eclesiais certos retrocessos com relação ao papel da mulher em funções administrativas e de tomada de decisão. Ao invocar a espiritualidade mariana na Igreja, se deveria acentuar igualmente a presença feminina como espaço de Encontro e Comunhão, e estimular mais diálogo na perspectiva da superação da desigualdade de gênero, a fim de que avanços sejam visíveis em toda a Igreja e para a sociedade.
O sonho de uma sociedade que supere com mais rapidez a desigualdade de gênero, será uma realidade quando houver mais valorização da contribuição do gênero feminino. Dentre as várias características da liderança feminina pode-se destacar: a) -Harmônicas: elas conseguem ver o todo, equilibrar, raciocinar e pensar pela intuição; b)- Solucionadoras holísticas de problemas: a mulher capacitou-se com ferramentas que a possibilitou dar atenção em várias tarefas sem perder a qualidade do empenho em ambas; c) - Capacidades de assimilar os detalhes com rapidez e, organizar as informações em padrões complexos; d) -Determinadas e com um olhar nas oportunidades; e) - Inspiram confiança e promovem comunidades; f) -Sensibilidade: buscam um ambiente de trabalho harmônico, prontas a ouvir e a considerar as percepções e ideias de seus colaboradores e buscam participação ativa e efetiva de sua equipe gerando melhores resultados (Cf. SOLIDES, 2020).
Em carta enviada ao seu filho, Luiza Trajano mencionada no início deste artigo, dá dicas importantes para uma liderança eficaz: acreditar sempre em si mesmo, ter fé no Absoluto; procurar não mitificar coisas ou pessoas; ter sempre uma atitude de troca: dar e receber; ter tempo para tudo. Se organizar, criar ritmo e rotina; ter paixão pelo que faz, pois dessa maneira, se fará melhor e com mais facilidade; ser transparente e jamais omitir a verdade, ser você mesmo; buscar sempre agir com sabedoria (Cf. KARNAL e TRAJANO, 2021). Estes conselhos, são relevantes para o florescer da liderança feminina na Igreja e na Sociedade.
Elisabete Miguel Espinhara (Fonte: saveriane.it/pt)