Entre os dias 3 e 28 de outubro de 2018, acontecerá, em Roma, o XV Sínodo Ordinário dos Bispos, convocado pelo papa Francisco, com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. O sínodo é oportunidade para ver e conhecer a realidade juvenil, ouvir seus clamores, sugestões e esperanças e, em conversão pastoral, oportunizar à juventude o “sair”, o “em saída”, para que seja sal e luz. Diz o papa Francisco: “Também a Igreja deseja colocar-se na escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até mesmo das vossas dúvidas e das vossas críticas […]. Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores”.
É imprescindível conhecer a realidade juvenil para podermos encontrar respostas adequadas no serviço à juventude. Numa primeira aproximação, constatamos, de acordo com o Censo (IBGE, 2010), que o número de jovens (16-29 anos) no Brasil é de 51,3 milhões, conforme segue:
Grupos de idade |
Masculino |
Feminino |
25 a 29 anos |
8.460.995 |
8.643.419 |
20 a 24 anos |
8.630.229 |
8.614.963 |
15 a 19 anos |
8.558.868 |
8.432.004 |
A população brasileira atual é de 206,1 milhões de pessoas (PNAD 2016 – IBGE). Segundo as estimativas, no ano de 2025, deverá atingir 228 milhões. Atualmente, ela se distribui pelas regiões da seguinte forma: Sudeste – 86,3 milhões; Nordeste – 56,9 milhões; Sul – 29,4 milhões; Norte – 17,7 milhões; Centro-Oeste – 15,6 milhões.
Os jovens representam hoje, portanto, um quarto da população do país. Do total de 51,3 milhões, 84,8% habitam nas cidades e 15,2% no campo.
Um levantamento feito pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) mostra que os jovens estão adiando a entrada no mercado de trabalho. A proporção de jovens com idade entre 16 e 24 anos que só estudam pulou de 6,8%, no biênio 1986-1987, para 15,4%, no período de 2012 e 2013. Já a taxa de participação no mercado de trabalho caiu de 79,6%, em 1986, para 74,2%, em 1999, e 72,9%, em 2013. A taxa de desemprego da população de 18 a 24 anos que está entrando no mercado de trabalho foi de 24,1%, no primeiro trimestre de 2016. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012, mostram que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham chegou a 9,6 milhões naquele ano.
É importante nos perguntarmos: qual é a realidade juvenil no regional, na diocese, na paróquia, na comunidade onde vivemos? Como acompanhar esses jovens em seu dia a dia, em seu discernimento vocacional, em seu projeto de vida? Para isso, é preciso ouvir os jovens, conhecer os desafios do mundo juvenil e quais as oportunidades que tais desafios possibilitam.
“O Senhor disse: ‘Eu vi, eu vi a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço os seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mane leite e mel” (Ex 3,7-8).
Ao falarmos de desafios e possibilidades, transcrevemos alguns dados da síntese que a CNBB fez das respostas dos questionários enviados por dioceses do Brasil, em preparação ao Sínodo dos Bispos.
Com o Sínodo dos Bispos “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, a Igreja quer escutar os jovens. Quer que eles se encontrem com Jesus Cristo, fiquem com ele (Jo 1,38-39) e, ouvindo o chamado e discernindo na fé, digam: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me” (Is 6,6-8). O Sínodo dos Bispos é um kairós, um tempo de graça, para a juventude e para toda a Igreja Católica.
A juventude é janela do futuro, enxerga mais longe, antecipa mudanças. Esse sínodo é uma oportunidade para escutar, aprender e crescer com a juventude, pois, como diz São Bento: “Muitas vezes é exatamente aos mais jovens que o Senhor revela a melhor solução” (Regra de São Bento, 3,3).
Fonte: Revista Vida Pastoral (Julho - Agosto. Ed.322 - Ano 59).