Bodas de prata dos Missionários Xaverianos no Moçambique
Nós, Missionários Xaverianos, chegámos a Moçambique no dia 02 de março do ano 1998, atendendo o convite do então Arcebispo da Beira Dom Jaime Pedro Gonçalves. No mesmo ano assumimos as Paróquias de Santa Ana do Dondo (Zona Urbana) e Santa Teresinha de Chemba (Zona Rural) aproximadamente cerca de 500km de Distância do Dondo.
No ano de 2001, nos foi confiada a Paróquia Santa Catarina de Sena. Por fim, em 2005 assumimos a Paróquia São Pedro Claver de Charre (Diocese de Tete), dando também assistência à Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Inhangoma distante 30km de Charre. Portanto, estamos presentes em duas dioceses (Beira e Tete), trabalhando em três paróquias: duas de Beira e uma de Tete; sem esquecer que começamos uma nova comunidade de formação em Inhamizwa, diocese da Beira.
Nos inícios da nossa presença xaveriana, nos dedicamos ao árduo trabalho de reabilitação das Missões, Escolas, Igrejas e Internatos, estruturas destruídas pela guerra, assim como à reabertura de pequenas comunidades cristãs com visitas, encontros de formação das lideranças, celebrações... Quando fizemos dez anos de presença, realizamos um esforço de revisar e avaliar a eficácia do nosso trabalho missionário, com a finalidade de concentrar a nossa ação, no sentido de “aprofundar” nosso serviço à Igreja local.
Os pioneiros que abriram esta missão xaveriana, em um contexto não estável, após-guerra, tiveram uma grande coragem, sustentado e animado pelo amor ao carisma da nossa família religiosa e missionária. O amor que tiveram e as obras que fizeram são para nós um exemplo significativo e luminoso para nós seguirmos. Apesar de algumas adaptações e mudanças ligadas ao contexto atual, a dinâmica pastoral que usamos até hoje, como as visitas e formações às comunidades, a partilha de vida do povo, aprender e falar a língua deles, estar com eles, celebrar os sacramentos com eles, é o fruto desta herança recebida dos nossos pioneiros.
A região do Moçambique, lugar em que trabalhamos, se caracteriza pela “pobreza absoluta”, a fome e a seca que assolam gravemente os nossos povos. Os conflitos armados (guerrilhas) entre o Partido no poder (FRELIMO) e o maior partido de oposição (RENAMO) que depois de ter terminado não trouxe uma paz efetiva. Também o Analfabetismo é alto (39%), o que implica a falta de lideranças preparadas para acompanhar devidamente a vida pastoral das comunidades. Além do nomadismo, já que o povo se movimenta constantemente, em busca de terras produtivas para as suas culturas (70% da população vive de agricultura). Existe ainda, o terrorismo islâmico em Cabo Delegado, região rica em gás e recursos minerais, que apesar encontra-se a 900 km de onde trabalhamos, causa uma situação de desestabilização do País.
Nada obstante, o Moçambique é uma terra de primeiro anúncio. Existem vários povos que vivem ainda nas práticas tradicionais, com uma cosmogonia onde o Evangelho de Jesus é um grande e “Ilustre desconhecido”.
Louvamos o acontecimento da abertura de uma casa de formação, que é uma manifestação da nossa inquietação para doar à Congregação os missionários originais de Moçambique, capazes de continuar a obra do anúncio do Reino. Este ano estamos a festejar 25 anos de presença xaveriana em Moçambique e podemos dizer: “O Senhor não poderia ter sido mais bondoso para conosco”. (CT 1).
Pe. Innocent Cishokanyi Bashizi, sx