São Francisco Xavier (1506-1552), foi o primeiro missionário jesuíta. Ele fez parte do grupo de sete homens que fundaram a Companhia de Jesus, foi enviado para a Índia antes que a nova ordem religiosa fosse oficialmente aprovada pela Igreja.
Xavier nasceu no castelo da família de Navarra, no norte da Espanha. Em setembro de 1525, foi para Paris para iniciar seus estudos universitários no Colégio de Santa Bárbara. Ele tinha como companheiro de quarto Pedro Faber. Quatro anos depois chegou um aluno mais velho, Inácio de Loyola, um cortesão basco, que agora se dedicava à oração. Loyola logo despertou em Faber o desejo de ser padre e trabalhar pela salvação das almas, mas Francisco Xavier tinha aspirações de fazer carreira e não tinha interesse em ser padre. Obteve o grau de licenciado durante a primavera de 1530, começou a ensinar; ele continuou a dividir um quarto com Faber e Loyola. Aproveitando a ausência de Faber, que foi visitar a família em 1533, Inácio conseguiu penetrar na alma de Xavier, que acabou cedendo à graça de Deus. Após longas conversas com Inácio passou a ser o guia espiritual do grupo. Francisco Xavier, juntamente com seus companheiros em 15 de agosto de 1534, fizeram os votos de pobreza, castidade e ir à Terra Santa.
Francisco Xavier e Inácio de Loyola começaram a estudar teologia em 1534. Dois anos depois seus companheiros foram a Veneza, à espera de um navio a Terra Santa. Logo foram a Roma para pedir permissão ao Papa para a peregrinação e para que os que ainda não eram sacerdotes fossem ordenados. Xavier, Loyola e outros quatro foram ordenados pelo legado papal em 24 de junho de 1537. Continuaram à espera de um navio para Terra Santa, mas por causa da ameaça de guerra entre Veneza e os turcos, ninguém navegou por um ano. Diante disso, decidiram que Inácio deveria ir a Roma e colocar o grupo à disposição do papa. Nesse tempo, começaram a pregar em vários centros universitários.
Francisco Xavier chegou a Roma em abril de 1538. O papa Paulo III, antes de dar sua aprovação ao plano de pregar, implorou a Inácio que acedesse ao apelo do rei João III de Portugal, que pediu o envio de dois dos missionários para a nova colônia da Índia. Inácio escolheu Simón Rodríguez e Nicolas de Bobadilla, mas o último não podia ir. Como Francisco Xavier era o único da companhia que ainda não estava comprometido com nenhum trabalho, foi o novo escolhido por Inácio.
Xavier e Rodríguez deixaram Roma em 15 de março de 1540, chegaram a Lisboa no final de junho, mas tiveram de permanecer na cidade até à Primavera seguinte, nesse tempo pregaram e auxiliaram os prisioneiros. O rei estava tão entusiasmado com o trabalho que pediu a um deles de ficar e começar uma escola. O escolhido foi Rodríguez, fazendo com que Xavier partisse como o primeiro missionário jesuíta. Quando Xavier estava embarcando, um mensageiro real entregou-lhe uma carta na qual o papa o nomeou núncio apostólico, o que lhe deu autoridade sobre todo o clero de Goa. O navio zarpou em 7 de abril de 1541, mesmo dia em que Xavier completou 35 anos.
A viagem para Goa demorou 13 meses e incluiu uma longa estadia em Moçambique à espera de ventos favoráveis. Aí visitou as prisões e serviu os leprosos. Os habitantes locais eram convertidos ao cristianismo, mas não tinham padres, então Francisco Xavier teve que instruí-los na fé, batizar aqueles que estavam preparados e preparar catequistas.
No final de 1544, chegou à costa oeste da Índia em Travancore; Entre novembro e dezembro daquele ano batizou 10 mil pessoas. Continuando para o norte, chegou a Cochim, depois navegou para a cidade portuguesa de Malaca, na Malásia, de onde seguiu para seu objetivo, as Molucas, aonde chegou em 14 de fevereiro de 1546. Ele visitou aldeias cristãs e batizou mais de 1.000 pessoas em Seran. Retornou a Malaca em julho de 1547, providenciando dois jesuítas para o lugar.
Quando Francisco Xavier retornou a Malaca, um nobre japonês chamado Ajiro se fez cristão, quem contou-lhe sobre o Japão. Sabendo que havia uma nação culturalmente avançada que não tinha ouvido falar de Cristo quis evangelizar aquele país. Mas antes de ir ao Japão, teve de regressar a Goa para cumprir os deveres de superior da missão e atribuir as tarefas aos jesuítas recém-chegados. Embarcou para o Japão em abril de 1549, chegaram em 15 de agosto a Kangoshima, no sul do Japão.
A missão começou sem obstáculos. O príncipe local deu permissão a estranhos para pregar o cristianismo, mas ele se excluiu de aceitar a conversão. Francisco Xavier se convenceu de que a maneira de trazer o Japão para o cristianismo era começar com o imperador, mas ele não conseguiu ninguém para ajudá-lo a chegar à Cidade Imperial, Miyako (atual Tóquio). Em um ano em Kagoshima conseguiram apenas 100 conversões. Mudou de cidade e outros 100 japoneses se fizeram cristãos, mas Francisco Xavier estava interessado em ver o imperador, então foi para Yamaguchi. Ele começou a pregar nas ruas, mas sua entrevista com o daimyo não teve sucesso, logo deixou a cidade em 1550.
Finalmente encontrou um príncipe disposto a levá-los para a Cidade Imperial. Xavier e o irmão Juan Fernández chegaram em janeiro de 1551. Eles passaram onze dias tentando, sem sucesso, uma audiência com o Imperador. Francisco Xavier decidiu fazer uma nova tentativa, apresentou-se não como um europeu malvestido, mas como alguém digno da atenção. Alugaram cavalos e vestiram-se com ternos de sedas multicoloridas. Quando chegaram com toda a pompa a Yamaguchi, foram recebidos no palácio dos daimyo. Francisco Xavier ofereceu presentes caros na forma de relógios, caixas de música, espelhos, vidro, tecidos e vinho, como sinal de amizade; e mostrou credenciais: cartas do rei João III de Portugal e do papa Paulo III. O daimyo acedeu ao pedido dos jesuítas para pregar a religião cristã no império, e deu liberdade à população para se tornar cristã. Em seis meses fizeram 500 conversões.
Quando Francisco Xavier deixou o Japão para voltara à Índia, ficando alguns jesuítas no Japão. Ele partiu em setembro de 1551, com destino a Malaca. Esperava retornar ao Japão no ano seguinte, mas o navio foi desviado por um tufão cerca de mil milhas perto da China. Quando Xavier olhou para China, sentiu chamando para evangelizar o país. Logo, Xavier recebeu uma carta de Inácio de Loyola nomeando-o provincial das "Índias e países além delas".
Em janeiro de 1552, de volta à Índia, recebeu outra carta de Loyola pedindo-lhe para retornar a Roma para relatar a missão; julgou que a volta a Roma poderia esperar, até que visitar primeiro a China. Francisco Xavier deixou a Índia em abril de 1552, chegou à Baía de Cantão em setembro. Desembarcou na ilha de Sancian porta da China. Não havia quem se arriscasse a o transportar para a China; um voluntário para o acompanhar pegou o dinheiro de Francisco Xavier e desapareceu. Em 21 de novembro, caiu com febre e não conseguiu sair de sua cabana para a praia da ilha. Sete dias depois estava em coma, em 1º de dezembro, tenha recuperado a consciência, se entregado à oração. Mas morreu na manhã de 3 de dezembro, foi sepultado na ilha, porém, os seus restos mortais foram levados para Malaca e de lá para Goa para serem sepultados na igreja do Bom Jesus. São Francisco Xavier foi canonizado em 1622. Em 1910, foi feito padroeiro da propagação da fé e em 1927, foi nomeado padroeiro das missões.
Autor: Tom Rochford, SJ
