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Memórias do Concílio Vaticano II


Em 25 de Janeiro 1962, na festa de São Paulo Apostolo, o Papa João XXIII anunciava solenemente na Basílica de São Paulo extra muros, a convocação de um novo Concílio (Vaticano II). Ele com muita perspicácia colhia “os sinais do tempos” que exigiam profundas reformas.

Nós jovens teólogos xaverianos ficamos surpresos e ao mesmo tempo exultamos de alegria pelo anúncio. Na minha idade de 18 anos (era seminarista diocesano na época) fomos em peregrinagem a Roma (800 pessoas) e fomos recebidos na Sala Clementina pelo Papa João XXIII (il Papa buono) a emoção foi muito grande, estava a uma distância de 10-12 metros. Ele nos falou brincando que não queria aceitar, mas como poderia ir contra os Cardeais e o Espírito Santo!

Nós teólogos xaverianos (éramos acerca de 120) acompanhavamos pelos jornais e revistas o evento conciliar, até a morte de Papa João XXIII (junho de 1963, o mundo quase parou quando as televisões do mundo inteiro deram a notícia). O Papa João XXIII evitou a guerra entre Estados Unidos e a Rússia, quando os russos queriam instalar mísseis em Cuba (isso foi confirmado mais tarde).

Ele nos deixou, antes de sua morte um grande presente, a Encíclica Pacem in Terris (11 de abril de 1963): “Em toda convivência humana bem ordenada e proveitosa, é preciso estabelecer como fundamento o princípio de que todo homem é pessoa... tem por si mesmo direitos e deveres, que emanam imediatamente e ao mesmo tempo de sua própria natureza” n.9). Na  Encíclica  Mater et Magistra define o bem comum como “Todo o conjunto de condições sociais que permitam aos cidadãos o desenvolvimento rápido e pleno de sua própria perfeição”.

Evidentemente se de uma lado os católicos do mundo inteiro exultaram, a Cúria Romana reagiu negativamente, sobretudo o poderoso Cardeal do Santo Ofício (depois transformado na Congregação pela Fé). Há uma anedota a respeito: o Cardeal Ottaviani pediu um taxi para se dirigir a Basílica de São Pedro, naquela manhã, mas não chegava nunca e perguntou ao motorista para onde me está levando? Estou levando o Senhor ao Concílio de Trento! Outra anedota diz que três cardeais muito conservadores fizerem um passeio de barco no lago de Albano (perto de Castel Candolfo, veio uma tempestade e o barco afundou, alguém perguntou: quem se salvou? A resposta foi a Igreja!!

No quarto ano de teologia fui ordenado sacerdote com 24 companheiros, ainda de acordo com o rito Tridentino, até a primavera de 1965 celebrávamos a Missa individualmente, quando finalmente foi varada a Reforma litúrgica, passamos a concelebrar (para quem viveu o período de transição do clima tridentino a Pentecostes do Vaticano II, é difícil admitir que muitos católicos hoje em dia – bispos, padres, seminaristas, leigos ainda sonham com os ritos tridentinos: beati loro

Tenho uma revista, onde o Padre Xaveriano Battista Mondin (PHD pela Universidade de Harvad)  conseguiu entrevistar (no ano 1982) os maiores teólogos do século XX, ainda vivos, que trabalharam nas comissões capitulares (Hans von Balthasar, Yves Congar, Oscar Culmann, Hans Kung, Mirko Nissiotis, Raimundo Panikkar, M. Dominique Chenu, Harvey Cox, Henri de Lubac, Jurgen Moltmann, Wolfhardt Pannenberg, Karl Rahner, Joseph Ratzinger). 

Quando terminei a teologia em Parma, os Superiores me enviaram a Roma para cursar filosofia (mestrado e doutorado) na Pontifícia Universidade Santo Tomas de Aquino (Angelicum), um dos meus professores me falou que deu aula ao futuro Papa João Paulo II (fez uma tese sobre Max Scheler). 

Fui a Roma no fim de setembro de 1965, em outubro começou a quarta sessão do Concílio. Nós  estudantes xaverianos tínhamos a casa no Viale Vaticano, 90, de manhã com a minha moto Vespa, de batina, passava na frente da Basílica de São Pedro e via a chegada dos Padres Conciliares como Cardeais, Bispos, teólogos peritos, protestantes (na época ainda chamados de irmãos separados) entre eles luteranos, anglicanos, ortodoxos (também os russos), era de fato um novo Pentecostes, homens de todas as raças e línguas (anote bem nenhuma mulher!!!). 

Tivemos a felicidade de assistir as palestras que os teólogos peritos davam à noite na via Aurélia. Nesse clima de diálogo, soube que o Papa encontraria o arcebispo anglicano de Canterbury, me dirigi com a minha moto vespa à Basílica e ví de perto Paulo VI desfilar e colocar o seu anel no dedo do arcebispo anglicano. O homem contemporâneo é mais sensível aos gestos do que às palavras. Em 8 dezembro de 1965, festa da Imaculada Conceição de Maria, o Concilio estava encerrando os trabalhos. As 8:00hs saí de casa, a pé me dirigi a Basílica de São Pedro, na nave central estavam presentes os bispos, cardeais (acerca de 2.500), na frente à esquerda os Irmãos de outras denominações cristãs e nas duas naves laterais ao Altar, abertas ao público, eu estava a uma distância de uns 15 metros.

Me emociona ainda hoje (já se passaram 55 anos) a celebração e a sorte de estar presente na Basílica. No final da celebração, outro evento maravilhoso, Paulo VI e o bispo ortodoxo, representante do Patriarca Athenágora de Constantinopla (que tinha encontrado em Jerusalém) tiraram a recíproca excomunhão que durava desde 1054 e a divisão nunca foi sanada.  Paulo VI e o bispo ortodoxo, cada um com uma nova Bula, abriram a possibildade de dialogo, de colaboração e de respeito mútuo.

Terminada a minha estadia em Roma, voltei a Parma no nosso Estudentado teológico, onde com os colegas iniciamos a revisão das disciplinas para adequá-las as novas exigências, promovidas pelo Vaticano II. O Concílio foi um verdadeiro corte (G. Bachelard) na história da Igreja Cathòlica, o fim da cristandade e da Igreja constantiniana, são dois documentos fundamentais para decifrar o Vaticano II, Lumen Gentium (Igreja ad Intra) e Gaudium et Spes (Igreja ad extra).

Curitiba, 23 de outubro de 2020

Pe Domenico Costella


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