"Com criatividade e coragem, anunciai a misericórdia e a ternura de Deus; que a virtualidade fortaleça face a face, para que a rede gere comunhão que torne Jesus Cristo presente entre as pessoas" (Francisco)
Todos nós experimentamos como a pandemia de coronavírus afetou de muitas maneiras nossas vidas, inclusive tocando momentos fortes e vitais da comunidade cristã. Por exemplo, a suspensão das celebrações (os sacramentos em geral), o tempo e a forma de culto, os múltiplos momentos das atividades paroquiais, etc. No entanto, também conseguimos encontrar algumas possibilidades para manter e garantir uma linha de comunicação com as pessoas, apesar das limitações impostas às reuniões presenciais, justamente para evitar a transmissão do vírus. Uma dessas "possibilidades" era, sem dúvida, a experiência de atividades e reuniões familiarmente conhecidas como "online".
Ao lidar com as consequências da pandemia – juntamente com meu pároco – lutei para entrar em contato com nossos paroquianos um a um, por telefone, enviando e-mails, oferecendo momentos de catequese em preparação para o sacramento do Batismo via zoom, compartilhando a fé e rezando o Rosário em pequenos grupos de maneira "virtual".
Também na Família Xaveriana houve muitas iniciativas, que amadureceram durante a pandemia e que visavam compartilhar experiências humanas e missionárias nos vários lugares, animação das comunidades xaverianas e a vida missionária dos irmãos. Os vídeos, clipes, cartas, mensagens, reuniões via zoom, etc., são um belo testemunho disso.
Estamos conscientes do impacto que a pandemia criou concretamente, com implicações de grande sofrimento e dor, mas, por outro lado, também estamos conscientes de que esse mesmo sofrimento nos fez explorar e valorizar outros caminhos, nomeadamente os da web ou do mundo digital.
A experiência destes dos anos pandémicos recorda-nos como a presença de novos meios tecnológicos de comunicação são capazes de mudar a nossa visão da vida, incluindo o modo como – como missionários – podemos fazer uso destes instrumentos para o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus a quantos não conhecem o Senhor Jesus. Em outras palavras, a variedade dos meios modernos de comunicação pode ser posta ao serviço da evangelização. O "campo" de missão está presente não só na área geográfica em que trabalhamos, mas também em um "território" mais amplo chamado ciberespaço, ou seja, o "mundo" digital. A nova geração de missionários sente cada vez mais a necessidade e a urgência de se preparar para oferecer e servir melhor as pessoas a quem somos enviados.
Por isso, uma das esperanças para o futuro é, antes de tudo, prosseguir no caminho da formação humana e profissional das novas gerações de irmãos no uso das modernas tecnologias da comunicação no contexto do primeiro anúncio. Ainda me lembro com gratidão que, durante os meus anos de estudos de filosofia em Jacarta (Indonésia), tivemos a sorte de participar de cursos de verão de formação digital. Concluímos o curso com a apresentação de vídeos curtos que havíamos criado e feito durante a formação. Graças a esta formação que recebi, posso agora fazer vídeos simples para a catequese e outros encontros de grupo.
Outro aspecto que gostaria de destacar, diz respeito à necessidade de continuar a promover a especialização de alguns irmãos interessados e apaixonados, que têm a capacidade de trabalhar frutuosamente neste sector. Esse investimento humano e profissional terá, sem dúvida, um grande impacto em nosso trabalho missionário. Vários confrades já estão empenhados neste campo e a sua contribuição para a nossa família missionária é verdadeiramente grande.
Por fim, gostaria de sublinhar como a integração das tecnologias da informação e da comunicação, a educação ética relacionada com os meios de comunicação social e o aprofundamento da espiritualidade no currículo educativo e escolar deverão caminhar juntos para servir conjuntamente a missão ad gentes.
Romualdus Juang, sx – Kishiwada. (Japão)
