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São Guido Maria Conforti e o comunismo de verdade


No dia 11 de abril de 2021, o Papa Francisco na homilia afirma: Assim fizeram os discípulos: tendo obtido misericórdia, tornaram-se misericordiosos. Vemo-lo na primeira leitura. Os Atos dos Apóstolos contam que «ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum» (4, 32). Não é comunismo, mas cristianismo no seu estado puro. E o fato é ainda mais surpreendente, se pensarmos que aqueles mesmos discípulos, pouco tempo antes, litigavam entre si sobre prêmios e honras, sobre qual deles era o maior (cf. Mc 10, 37; Lc 22, 24). Agora partilham tudo, têm «um só coração e uma só alma» (At 4, 32).

Tendo em vista o momento difícil que estamos vivendo, e as contraposições de pro e contra dentro da comunidade cristã, quis ler, mais uma vez, parte de uma catequese de São Guido Maria Conforti. Notamos a data: 08 de dezembro de 1917, Estamos em plena guerra, a primeira guerra mundial (1914 – 1918). Na Rússia estamos em plena revolução: 1917. A saber: Fevereiro é destituída a monarquia: Nicolau II renuncia (2 de março de 1917). 04 de abril: Lenin lança as 10 linhas de ação do proletariado na revolução atual e troca o nome de social democrático para comunista, Outubro inicia a república soviética.

08 de dezembro 1917, São Guido está comentando o Pai Nosso, chegando a “dai-nos hoje nosso pão cotidiano”. Fala brevemente do alimento do espírito para passar logo a falar do necessário à vida, do progresso material e finalmente de “Pedir o necessário para a vida de todos”.

O bispo de Parma acentua sobretudo a caridade, de fato em sua época não tinham as organizações trabalhistas, todavia termina chamando a atenção e a responsabilidade dos poderes públicos: «solerte e previdente inteligência daqueles que administram a coisa pública». 

Pedir o necessário para a vida de todos

De resto, com o preceito da caridade fraterna – que obriga todos a ir a ajudar quem necessita -, de certo modo o Pai constituiu ministros de sua bondade todos quantos acreditassem nele. E exatamente por isso, ensinou-nos a pedir o pão necessário para a vida de todos; Ele quis que o chamássemos nosso, para deixar claro para nós que o pão e os outros bens concedidos por Deus não são propriedade individual, nosso, mas que devem ser propriedade de todos, e também de outros, por isso repartir quando a necessidade exigir e estiver ao nosso alcance. Segundo a lei da caridade, aquele pão que é abundante para um, deve ser repartido em benefício dos outros a quem esteja faltando, de modo que todos sejam sustentados e providos do necessário.

Se estas máximas tivessem sido sempre praticadas, após 19 séculos de Cristianismo não seríamos ainda espectadores desse desequilíbrio social que produz tantas mazelas e ameaça as reações mais tremendas. O Cristianismo, que, com seus grandes princípios, sugere linhas de ação à produção e distribuição das riquezas, apresenta-nos também suas doutrinas em torno do consumo delas. Apesar das recriminações da ciência econômica materialista, que proclama que se deve consumir o máximo que puder, o Cristianismo, pelo contrário, proclama que as riquezas devem ser usadas com sábia parcimônia. Portanto, inculca em nossas mentes a abstinência, a sobriedade, a temperança, e condena o luxo.

Quanto sábio seja o ensinamento de Cristo e tenha como objetivo a prosperidade das pessoas, não há ninguém que não esteja vendo, assim como não há ninguém que não veja quão prejudicial se torna a máxima do consumo ilimitado e desenfreado das riquezas que fomenta o luxo. Existe um luxo que é útil e permitido pela doutrina do Evangelho. Trata-se do luxo decente, que surge da própria condição e das conveniências sociais; aquele luxo digno, que é a manifestação exterior do homem, o honesto cumprimento da beleza do corpo, pois que ele também é obra de Deus.

Porém, o luxo excessivo, o luxo desonesto e sem moderação, é altamente condenado pelo bom senso e pelo Evangelho. Ah, não me digam que é uma fonte de sustento para alguém, que ele movimenta os braços de milhares de operários, e que oferece o necessário à vida de milhares de famílias que vivem em função do luxo dos outros. Admito que haja um grande movimento da indústria do luxo, mas nego francamente, que isso signifique riqueza para a nação. Pelo contrário, desperdiça as riquezas essenciais, diminui as entradas, proporciona ganhos pequenos para muitos, mas também é fonte de todos os vícios. Geralmente o luxo não enriquece, pelo contrário, ele empobrece quem o pratica.

Repudiem o luxo, porque ele é nocivo à sociedade civil e razão de distúrbios sociais, já que, quando exagerado, quando é um luxo que cria maravilhas, torna-se um insulto à miséria, um desafio, uma provocação ao proletariado e ao indigente. Repudiem o luxo, já que amolece o caráter, joga lama na honra, embrutece a consciência. Os homens movidos a luxo venderão à vista aquilo que existe de mais sagrado no mundo, os próprios princípios, a própria dignidade, a própria honra; eles não recuarão diante do roubo e do suicídio.

Repudiem o luxo que espolia os países e, atraindo a atenção sobre as doutrinas homicidas malthusianas, frequentemente rouba de uma nação a sua primeira força viva, que é o número de seus habitantes. Repudiem o luxo nesta hora crítica que estamos atravessando, quando há tantos que choram, tantos os que precisam da caridade dos irmãos.

De acordo com o Evangelho, os ricos devem ser considerados os depositários e os ecônomos dos bens com que Deus os contemplou. Deus os cumulou de riquezas não apenas para que possam delas desfrutar, de modo cristão e segundo o necessário e as conveniências de sua condição social, mas também para que tornem seus irmãos participantes dos mesmos bens, derramando sobre eles ondas restauradoras de seus gestos benéficos.

Quando o operário estiver enfermo, quando estiver inválido à exaustão, quando o velho estender a mão para a esmola dos piedosos, quando sua viúva, quando seus órfãos forem forçados a alcançar com dificuldade, o necessário para viver, então que a caridade do rico seja visível e operante.

Irmãos, esta é a lei da caridade que Cristo nos inculca em cada página do Evangelho e nos dá a entender também com os pedidos que, juntos, fazemos: “Dai-nos hoje o pão nosso”, dizemos, todos os dias, a Deus, pois formamos uma imensa família.

Temos um pai em comum, Adão, mas também temos um Pai divino, que está nos céus. Formamos uma imensa família, por isso, a caridade deve gerar a partilha dos bens, estabelecer o verdadeiro comunismo, o único comunismo possível, o comunismo cristão.

O rico torna o pobre participante de seus bens, aquele que possui, ajuda o deserdado da sorte. Então, como diz o Apóstolo, haverá a verdadeira igualdade, o verdadeiro comunismo cristão, oposto ao comunismo socialista, o qual, por seus princípios, é o egoísmo elevado à sua potência máxima. Ó irmãos, afirmo que não se trata de uma simples opinião; as minhas afirmações são o eco fiel do preceito de Cristo, que disse: “Quod superest date pauperibus”. “Tudo aquilo que esteja em excesso seja dado aos pobres”. Não é um conselho, não é uma insinuação, mas um preceito em sua forma mais imperativa.

Ó ricos, todo supérfluo não pertence mais a vós; quaisquer que sejam vossas legítimas necessidades, segundo as condições sociais diferentes, de fato, Jesus Cristo não quantificou, mas tudo deixou à liberdade e critério de cada um. Entretanto, onde acabam estas necessidades legítimas e a garantia de um futuro incerto para vós e vossos filhos, então o resto é supérfluo e ali cessa o uso legítimo da propriedade. No dizer do eloquente Lacordaire, aquilo que avança é patrimônio dos pobres, quod superest date pauperibus...  E nesta hora difícil que atravessamos, mais do que nunca se impõe a observância deste preceito evangélico, com a necessidade crescendo a cada dia, assim como se impõe o dever e a necessidade de se redobrar nossa fé na amorosa Providência da qual tudo pode esperar.

Hoje, em que a preocupação pelos poucos deserdados ameaça se estender a muitos, hoje, em que a questão do pão de cada dia se nos apresenta com uma atualidade imperiosa, pela reduzida disponibilidade de braços nos campos fecundos do trabalho, vamos repetir com fé mais viva do que de costume, a oração que o mestre divino colocou em nossos lábios: “O pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.

E o pão não nos faltará, nem mesmo nos momentos difíceis, pela solerte e previdente inteligência daqueles que administram a coisa pública, juntamente com o esforço redobrado daqueles que saberão dedicar à terra as energias das quais pode dispor e, sobretudo, pela ajuda eficaz daquela amorosa Providência na qual jamais se confia em vão.

Alfiero, sx


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