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São Francisco Xavier e São Guido: duas vidas, uma espiritualidade


Tudo ficou esclarecido com um presente: um livro! De fato o encontro misterioso e assombrador precisava de esclarecimentos. O encontro tinha acontecido na igreja da paz, mas não deixou nada em paz o jovem estudante.

Guido Maria Conforti (1865-1931), um jovem seminarista da diocese de Parma, Itália, costumava parar numa igrejinha construída bem na beira da estrada que levava à escola. No altar, tinha um grande Crucifixo. O menino olhava, olhava arrebatado. O Crucificado, no silêncio da capela falava ao coração: “Assim se ama!” Como retribuir a este amor? Dar tudo, entregar-se inteira e totalmente... Como assim?  A biografia de São Francisco Xavier chegou em suas mãos como uma resposta esclarecedora e o levou a uma decisão firme: “sacrificarei totalmente a mim mesmo, meus bens e tudo quanto estiver ao meu alcance para realizar o ideal de anunciar o evangelho aos não cristãos”[1].

Cruzaram-se desta forma duas vidas, duas aventuras missionárias em que encontramos uma mesma espiritualidade missionária.

Não existe fotocópia na história. Entre Francisco e Guido Maria cabe um espaço de três séculos. Viveram em culturas diferentes, situações e fatos de suas vidas são totalmente desiguais. A própria teologia e a interpretação do mundo tinham mudado profundamente. A biografia dos santos, os relatos de suas façanhas, às vezes ampliados pela devoção popular ou por biógrafos nada interessados a verificar a verdade dos fatos, são relativos à espiritualidade que patenteiam. Lembramos a história para ir além dos fatos, não repetíveis, para descobrir, as motivações, as forças dinâmicas, as razões mais profundas, os ideais, as utopias, as paixões que determinaram o dia a dia da pessoa, ou seja a espiritualidade.

O amor nos obriga

Num breve escrito como este não é possível relatar todo os processo que me levou a acreditar numa espiritualidade comum aos dois missionários Francisco Xavier e Guido Maria Conforti apesar de distantes no tempo e totalmente diferentes em sua biografia. Talvez a espiritualidade que deve sempre acompanhar a missão. Só cabe lembrar que Francisco viveu no XVI (1506-1552) e Guido Maria no século XIX (1865-1931); o primeiro passou sua vida apostólica em viagens por terra e por mar, da Europa à Índia, até o Japão; o segundo mal saiu uma vez ou outra de sua cidade. No entanto encontramos na origem de sua aventura espiritual e missionária as mesmas forças motivadoras, o mesmo ponto de partida: a contemplação do amor do Pai manifestado, quase detonado, no Filho Jesus Cristo crucificado.

O castelo de Xavier tem estrutura de caracol e o menino Francisco não podia chegar ao centro do castelo, sua habitação, sem passar pela capela onde era guardado um grande Crucifixo. Guido não podia chegar à escola sem passar por uma igrejinha onde era cultuado o Crucifixo que o arrebatou. As mães tinham orientado os meninos a não fixar a atenção sobre as feridas, os pregos, o sangue...

Mas a refletir sobre o amor que aquele Filho do Homem tinha manifestado para com a humanidade. O amor do Pai, no Filho pela ação do Espírito ficará sempre a origem, a força, o dinamismo e o objetivo final da incansável ação missionária dos dois. Quando adultos e conhecedores das sagradas escrituras encontrarão na Palavra de Deus a verbalização dessa experiência: “A caridade de Cristo nos impulsiona, nos constrange, nos obriga... Ai de mim se não evangelizar... Nenhuma criatura será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Jesus Cristo nosso Senhor...”.

A missão nasce de uma experiência de amor, uma experiência tão íntima e forte que a pessoa é arrebatada e com liberdade e alegria se entrega plena e totalmente ao Pai para o anúncio. Apaixonada por ser amada apaixonadamente. Feita louca por amor “ao pensarmos que se um só morreu para todos, todos morreram. E morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si, mas para quem por eles morreu e ressuscitou” (2Cor 5,14-15).

Entrega até a morte: todos morreram! Nas cartas de Francisco Xavier se torna um estribilho: “Estamos aqui por amor!”

Libertar as imagens de Deus

Morreu por todos, pois toda mulher e todo homem foram criadas a imagem e semelhança de Deus.

Encontramos assim a segunda grande força contemplativa e dinâmica da missão na vida de Francisco e Guido Maria. Contemplativa, pois é preciso ter o olhar penetrante e profético para enxergar além do visível e perceber a presença do rosto de Deus no rosto de toda mulher e homem da terra, de todas as raças e de todas as línguas e nações.

Francisco em sua viagem para o Japão presencia, sem possibilidade de dizer ou fazer algo, aos cultos dos marinheiros em honra dos ídolos em momentos de tempestade ou em momentos de calmaria. A sorte determinava os planos de viagem. São idólatras, acreditam mais nas pedras lançadas aos pés do ídolo do que na ciência da navegação, mas reza por eles ao Pai, pois “estes também os criastes a vossa imagem e semelhança”[2]. Afinal ele tinha decidido viajar até o Japão porque lá havia “muitas imagens e semelhança de Deus”[3].

Esta a razão de sua loucura. Assim julgavam alguns confrades seus.

Garimpo e entrega

Encontramos nas 137 cartas de Francisco assim como nos escritos do Bem-aventurado Guido Maria duas características fundamentais da espiritualidade missionária: a missão-garimpo e a missão-restituição.

A/O missionária/o antes de mais nada vai à descoberta dos tesouros que entre os povos e nas pessoas já existem. Estão lá, escondidos como as pepitas de ouro na terra, na água ou no barro. É garimpeira/o à procura do tesouro da humanidade presente em toda mulher e todo homem. Uma vez encontrada, a purifica e a ilumina com a luz de Cristo que ela/ele mesma/o recebeu. A/o Missionária/o não é luz e menos ainda é tesouro, é reflexo da Luz e por esta Luz faz com que o tesouro encontrado adquira todo seu esplendor, a plenitude de seu brilho, desconhecido até então até mesmo por quem o possuía.

Inicia assim o processo de restituição: missão é dar a Deus o que é de Deus. Com referência a Mt 22,15-22 a/o missionária/o contempla a imagem do Criador nas feições de toda pessoa humana assim como os fariseus e os herodianos precisaram admitir que na moeda havia a imagem de César. Dar a Deus o que é de Deus, pois sua imagem e inscrição estão gravadas em toda mulher e todo homem.

A/O missionária/o não pode não ser contemplativo. Contemplativo do amor de Deus por ele e por todos; contemplativo dos traços do rosto de seu Senhor em toda pessoa humana.

 Fraternidade universal

A fisionomia do mesmo Pai leva a uma terceira grande força dinâmica da missão: a fraternidade universal. Missão é noticiar a existência do Pai, é anunciar a não orfandade e ajudar a reconhecer a/o outra/o como irmã/o. Interessante notar que esta contemplação levava os dois a fazer uma leitura positiva dos progressos e da situação histórica em que viviam.

Para Francisco a notícia de terras desconhecidas e de povos até então ignorados (XVI século), para Guido Maria os novos meios de comunicação: trêns, carros, navios (XIX século) despertavam o entusiasmo para uma nova oportunidade que Deus oferecia à humanidade de se encontrar, de se unir e de transformar as relações de competição em relações de colaboração, a chance de construir finalmente um mundo fraterno. Afinal esta é a sede da humanidade, este é o vinho (Guido Maria estava comentando as bodas de Caná) que falta à humanidade: justiça, verdade, paz, amor[4].

Para Xavier as novas rotas marinhas, para Guido os meios mais velozes de comunicação... as situação diferenciam-se, a história muda, o sonho é o mesmo: fazer do mundo uma só família respeitando (frisa o Bem-aventurado Guido) índole, cultura, língua de cada povo e pessoa, mas vivendo em justiça e paz. Será que hoje em dia a globalização é mais uma chance que o Pai nos oferece para reavivar o sonho, mais um convite a não desanimar na caminhada rumo à fraternidade? Mais uma ferramenta para dar uma resposta à sede do mundo?

Contemplacão missionária

Dessa tríplice contemplação - o Crucifixo, as feições de Deus nas pessoas, a fraternidade - brota uma atividade incansável, um engajamento em todas as iniciativas que possam levar pessoas e sociedade a uma convivência feliz. A felicidade, aliás, marca toda a atividade missionária assim como as ações de graças pela maravilhas que o missionário vê acontecer em sua peregrinação entre os povos. Cantando os louvores do Senhor, confiando nele e só nele, continua sua caminhada mesmo entre dificuldades e sofrimentos.

Até a perspectiva do martírio não cancela sua alegria e sua esperança de um mundo melhor, os nossos índios diriam, a esperança de um mundo sem males.

Afiero Ceresoli.


[1] Carta de Guido Maria Conforti de 09.03.1894.
[2] Carta 90,6
[3] Carta 85,11;  90.49
[4] Cf. Discurso ao Congresso Eucarístico de Palermo de 06 de setembro de 1924.

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