Olá, sou o padre Adriano, missionário xaveriano. Já faz três anos que cheguei à missão no Chade, um país no coração do continente Africano. Com dois outros xaverianos trabalhamos em duas paróquias de contexto rural.
As atividades são muitas, como os desafios e também as alegrias. Apesar de termos como centro de todas as nossas atividades o catecumenato, onde preparamos jovens e adultos para o batismo, me dedico bastante ao trabalho com as crianças.
Logo depois de um tempo de introdução à nova missão fiquei responsável por acompanhar a vida das nossas três escolas primárias e na forania assumi a coordenação de toda pastoral que envolve os pequenos.
Descubro que assim respondo ao apelo que Jesus fez aos seus discípulos e a cada um de nós: “Deixai vir a mim as criancinhas”.
À primeira vista todo esse esforço parece inútil. Um dia um catequista me vendo dançar com as crianças disse: “por que o padre perde tempo se ele diz ter tantas coisas sérias a fazer!” Eu sabia que não perdia tempo.
Anunciava o Reino aos pequenos, aos privilegiados do amor de Deus.
No Chade as crianças de 0 à 14 anos correspondem quase à metade da população, mas infelizmente, por inúmeras circunstâncias, a taxa de mortalidade entre as crianças de 0 a 6 anos chega a ser de 85%. Na maioria dos casos essas mortes poderiam ser facilmente evitadas.
Encontrar estas crianças, se tornar próximo, nem que seja com um sorriso e um carinho, já contribui para diminuir este número assustador. Nossas escolas católicas são uma referência no cuidado com a educação. Embora nossos meios sejam simples, as equipes que lá trabalham entendem que ensinar é vocação, e que tudo o que fazemos é para a construção de um mundo novo, mais cheio de Deus, onde haja vida em plenitude. Meu trabalho é estar próximo, dando conselhos, ajudando essas instituições à crescerem na qualidade do serviço que oferecemos à comunidade, e sobretudo às crianças. Em uma delas encontro duas classes uma vez por semana, dialogando com os alunos e descobrindo como instaurar uma cultura da paz.
Na forania acompanho um movimento de ação católica para as crianças que se chama Kemkogi (um só coração), presente em todas as 9 paróquias, ele é o nosso grande meio de evangelização e formação das crianças pelas crianças elas mesmas.
Desde cedo a criança se sente missionária de Jesus, capaz de dar algo ao mundo e sonhar com um futuro cada vez mais bonito.
As danças e os jogos ao som dos tambores mostram o amor que as crianças africanas têm pela vida e a força que elas possuem para lutar por ela.
Junto com uma bela equipe de acompanhadores, na maioria jovens, buscamos ajudar os pequenos a crescerem como Jesus em graça, força e sabedoria.
Visitamos os vilarejos e formamos as lideranças. Nossa presença simboliza o amor e a preocupação da Igreja com a evangelização e com a vida dos menores.
Nossa atenção aos pequenos é um sinal para as famílias que as desamparam.
Como missionário sinto uma alegria enorme em estar perto das crianças. Com o coração puro eles se aproximam e me acolhem com a ternura que pertence somente aos que tem um coração puro. Elas me ensinam amar a Deus e amar meus irmãos.
Com as crianças e por elas rezamos ao Pai “venha a nós o vosso Reino”, pedimos ao Senhor que a vida seja protegida da concepção à velhice, que o texto dos Direitos das Crianças, assinado por muitos países, possa se tornar uma realidade em nosso meio e que a alegria dos pequenos seja um grito aos ouvidos dos grandes pedindo amor, cuidado e respeito, como Jesus o quis.
Um grande abraço a todos, especialmente aos que se dedicam aos pequenos.
Pe. Adriano Cunha Lima sx.