Aquele ratinho preocupado pela chegada da ratoeira, procurando ajuda e vendo-se abandonado pelos amigos da fazenda achando que o problema não era deles, mas a historia revelou que o problema do meu irmão é também o meu.
Tem tantos problemas no mundo que poderiam tornar para nós oportunidades para sair do nosso comodismo, da nossa mordomia e nos dar novo sentido, mas achamos que os problemas não são meus, e Então deixamos passar as ocasiões de renovação também na Vida Religiosa Consagrada.
Neste ano da Vida Religiosa e dos 150 anos do nascimento de São Guido Maria Conforti, o papa nos encoraja a despertar em nós religiosos a dimensão profética reconhecendo os gritos do povo que sofre e dando uma resposta. “O profeta – nos lembra papa Francisco na carta apostólica aos consagrados – recebe de Deus a capacidade de perscrutar a história em que vive e interpretar os acontecimentos: é como uma sentinela que vigia durante a noite e sabe quando chega a aurora (cf. Is 21,11-12) conhece Deus e conhece os homens e as mulheres (...) é capaz de denunciar o mal do pecado e as injustiças, porque é livre, não deve responder a outros senhores que não seja Deus”.
A vida religiosa está passando por um momento de dificuldade, a tentação é de se fechar, mas é para fazer o contrario: sair dos pequenos problemas e abraçar os gritos do povo que clama a Deus. Somente tendo a mesma compaixão e comprometimento de Jesus com a vida do povo que a Vida Religiosa voltará ser significativa, profética, sal e luz do mundo e atrair mais e mais jovens na mesma missão. É porque os fundadores das Congregações sentiram em si mesmos a compaixão que se apoderava de Jesus quando via as multidões que nasceram as varias famílias religiosas como resposta ao apelo do povo, e que uns deles até chegou a derramar o seu sangue. Se seremos fieis á missão que nos foi confiada despertando em nós e no mundo a radicalidade e alegria de fazer algo pra uma solução, a vida religiosa voltará a ser atrativa e fecunda, porque “a igreja cresce não por proselitismo mas por atração” (Papa Francisco, EG 14).
Ontem como hoje temos religiosos que percorreram este caminho profético.
Lembramos entre os muitos mártires as três missionárias xaverianas mortas em Burundi: Olga, Bernardetta e Lucia, e os padres Xaverianos Ottorino Maule e Aldo Marchiol e Katina Gubert; e ainda lembramos a Irmã Dorothy morta porque defendia a floresta e as pessoas mais frágeis; lembramos também mais dois profetas de hoje ainda lutando entre nós pela causa dos mais oprimidos, o bispo Dom Erwin Kraeutler e Dom Pedro Casaldaliga comprometido na libertação integral do ser humano. A tentativa que um profeta faz é aquela de descobrir e tornar atual a presença de Deus na vida de cada ser humano e do mundo inteiro, anunciando a esperança e denunciando o pecado, acolhendo aqueles valores que constituem o fundamento do testemunho profético: a Paz, a Justiça e a Misericórdia de Deus.
Precisamos de religiosos (as) santos (as) e profetas capazes de denunciar as injustiças e defender os mais pobres; e o segredo está na liberdades que eles tem: sem dever responder a outros senhores a não ser a Deus. Estes religiosos serão luz e sal pra dar sentido á vida religiosa e atrair com o seu perfume outros neste mesmo caminho.
Paolo Andreolli.