Até poucos anos atrás acreditava-se que a terra e seus recursos eram infinitos, se pensava que a natureza poderia continuamente se refazer. Na atualidade essa forma de ver o mundo mudou. A preocupação com o cuidado da “Casa Comum”, é um dos assuntos mais falados neste momento. Os argumentos vêm criando interesse, rejeição ou indiferença por parte de pessoas, grupos, instituições, empresas, mídia, igrejas, religiões e governos.
Não é diferente para a Igreja católica, em especial para o papa Francisco na encíclica Laudato Si’ publicada em 18 de junho de 2015. Também o último Sínodo realizado em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019, sobre a Amazônia argumenta a preocupação com a ecologia na exortação apostólico Querida Amazônia.
Fazendo uma viagem até o primeiro capítulo do livro do Gênesis, após cada ato da criação se repete: "Deus viu que era bom" e o conjunto de toda a criação é apresentado como "muito bom", uma criação perfeita. Deus deixa ao homem e a mulher a missão de zelar e cuidar da criação. O homem e a mulher são criados e integrados a toda a criação, feitos a "imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,26), ponto alto da criação, têm a missão de completar e aperfeiçoar a obra perfeita da criação. Eles são sujeitos e protagonistas da história com a tarefa de cuidar, preservar e zelar pela sua casa como um paraíso.
A humanidade é o ponto alto de toda a obra criadora de Deus, somos chamados a cuidamos da criação, ou pereceremos. Respeitar a obra criadora de Deus é respeitar o próprio Deus. Assim a criação é o maior ato de amor de Deus. Terra e humanidade aparecem como uma unidade (Gn 1,26-31). Deus manda ao homem de "dominar a terra" (Gn 1,26), no sentido de completar a criação, de cuidar, de zelar, de participar, não de destruir ou oprimir a natureza. A humanidade deve aperfeiçoar e cuidar o planeta terra, porque as reservas naturais são finitas, acabam, ou cuidamos do planeta, ou pereceremos, matando a natureza nos auto-destruímos. Cuidar é aperfeiçoar a criação, o que significa viver de maneira responsável e sustentável.
O consumo humano está em conflito com a natureza e com a criação. Cuidar da terra, da água do ecossistema significa reduzir o consumo, reciclar, reaproveitar e reutilizar o que já usamos, é resolver os problemas da poluição da água, do esgoto, do lixo, do ar entre outros. Trata-se de salvar o planeta terra e a humanidade de um desastre global, de superar o capitalismo e pensar novas formas de produzir.
Enxergar a natureza apenas a partir do poder econômico é contrário ao projeto criativo de Deus. Também, as populações e os projetos sustentáveis, quase sempre são considerados estorvo para o capitalismo neoliberal que destruí e mata a biodiversidade do planeta. Devemos pensar o projeto de Deus através do chamado desenvolvimento sustentável sem devastação ambiental, no respeito natureza e aos direitos das populações locais tradicionais como os grupos indígenas, os negros, os camponeses entre outros.
O território é o espaço da vida, é a casa, é a morada da humanidade. Tudo é criação de Deus e faz parte da realidade sagrada. A defesa da biodiversidade e a promoção de seu desenvolvimento sustentável e não predatório virá em benefício de todos os habitantes de todo mundo. Não podemos assistir impassíveis à destruição desse patrimônio natural e cultural, do qual tanto depende o futuro bem-estar da humanidade.
Terra e humanidade é uma unidade. O sofrimento da terra é o sofrimento da humanidade. A crise da criação é a crise da humanidade. Somos convidados a mudar nossas práticas de viver e ter novas maneiras de viver com a criação. Os efeitos do sistema capitalista destrutivo são sentidos através das mudanças climáticas, através do aquecimento global, o mudamos nossos hábitos ou todos morreremos. Sempre os mais fracos acabam sendo as maiores vitimas das mudanças climáticas: os pobres, as crianças, as mulheres, etc. É necessária uma nova política para a atuação rápida e urgente frente às mudanças climáticas.
A preocupação com a ecologia nos deve levar a uma conversão e mudança de hábitos. Hoje mais que nunca somos chamados a cuidar e zelar da criação de Deus e abandonar o modelo neoliberal que acaba destruído a terra, a vida e a humanidade.
Rafael Lopez Villasenor
