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Teologia

Mês da Biblia: Carta aos Gálatas, Viver a Liberdade em Cristo


O mês da Bíblia 2021, faz um estudo da Carta aos Gálatas com o tema: “Todos vós sois um só em Cristo Jesus”, em continuidade com a Campanha da Fraternidade.

O CONTEXTO DA CARTA

A Carta a os Gálatas é de autoria autentica de Paulo, por isso é chamada protopaulina.  Apesar da brevidade, ocupa um lugar importante entre as cartas paulinas. Em termos apaixonados Paulo escreve centrado na cruz do Senhor Jesus, mostrando as dificuldades que encontrou para realizar a missão entre os pagãos. Defende vigorosamente a liberdade dos cristãos e apela ao universalismo. Toda a carta revela um grande conflito entre a libertação do paganismo e o surgimento dos judaizantes que desejam continuar a prática da circuncisão e das leis judaicas.

Paulo, durante a segunda viagem missionária de Paulo visitou a Galácia (At 15,39-18,22), passou pela Falácia (Cf. At 16,6; Gl 4,13-14). Isso aconteceu por volta de 50-52 d.C. A Carta aos Gálatas, é escrita por Paulo durante a terceira viagem na cidade de Éfeso (ano 56 e 57). É uma carta ao mesmo tempo, cheia de paixão, raiva e ternura. Apresenta-se como uma carta circular dirigida “às comunidades da Galácia”, que não era uma cidade, mas uma região da Ásia Menor (Turquia), com pequenas comunidades dispersas, mas relacionados entre si. A carta deveria ser lida nas reuniões da comunidade.

As comunidades dos Gálatas eram formadas por pessoas que não pertenciam ao povo judeu. A Galácia era famosa por seus mercados de escravos. Formada por uma população de origem celta. A maioria das terras pertencia ao Império Romano.  Com a chegada de Paulo e a proclamação do Evangelho aparece a divisão que separava os povos (cf. Ef  2,14-15). Paulo como judeu, fez parte dos fariseus e, talvez, membro do Sinédrio, da Suprema Corte, que alguns anos antes havia condenado Jesus à morte. Entre Judeus e pagãos existiam preconceitos e rejeições que os separava. Os fariseus eram conhecidos pela distinção entre puro e impuro. Os pagãos eram considerados pessoas impuras, era necessário se separar deles para evitar contaminações.

A Carta aos Gálatas revela um momento de crise na Evangelização entre judaizantes e cristãos. Nas comunidades havia um forte conflito entre os cristãos pagãos e os judaizantes, que afirmavam que, para ser cristão, era preciso se judaizar, assumir os valores da cultura judaica: circuncisão, distinção entre puro e impuro, discriminação entre judeu e não judeu, entre escravo e homem livre, entre homem e mulher.

Para os judaizantes, ser cristão significa submeter-se a prática das leis do povo judeu. A circuncisão era a porta de entrada para o processo, que Paulo chama de "jugo da Lei".  Os que procuram impor a circuncisão aos Gálatas e a observância da Lei de Moisés anulam tudo que Jesus fez com sua vida, morte e Ressurreição. Para eles, o importante é o cumprimento da lei. Os defensores da circuncisão e observância da Lei tinham os próprios argumentos: afirmavam que o próprio Jesus foi circuncidado. Os primeiros cristãos também o eram. Para eles a circuncisão e a prática da lei faziam parte da tradição Cristã. Porém, Paulo entende a lei não como um código ético, mas como uma ideologia, um peso.

A justiça que vem da fé parte da verificação, que ninguém pode por conta própria e méritos alcançá-la. Os judaizantes afirmam exatamente o oposto. Para eles ser o Povo de Deus é alcançar a salvação, para isso é necessário submeter-se à circuncisão e praticar a Lei de Moisés. Paulo compara o tempo da Lei ao tempo da minoria de idade. Naquela época, era comum confiar a educação das crianças a um pedagogo. Normalmente era um escravo severo encarregado de monitorar, corrigir e punir as crianças. Estes permaneciam sob seus cuidados até atingirem a maioridade. O pedagogo era o dono da vida da criança. Esta era a lei do Povo de Deus antes que se tornasse adulto: muitas regras, preceitos, proibições, punições, um verdadeiro escravidão. É o retrato negativo que Paulo tem da lei do Antigo Testamento.  

COMENTÁRIOS AOS TEXTOS

1, 1-10 Introdução e problemática. Paulo é reconhecido como o autor da carta, dirigindo-se a todas as comunidades de Galácia, reivindicando para si o título de Apóstolo. As sudações são desejos de graça e paz, que correspondem a saudação tradicional em ambientes semíticos, que extravasa a paixão e raiva amaldiçoando aqueles que estão perturbando as comunidades (cf. 1,8-9) e chama de insensatos aos Gálatas (cf. 3,1-3). Paulo começa as cartas com um agradecimento a Deus pelas realizações das comunidades. Aqui não encontrou razão para ser grato. Logo no começo aparece a problemática do anúncio e da crença em outro evangelho, diferente do de Jesus Cristo.

1, 11-2,21 Os defensores da justificação pela fé. O texto apresenta o conflito entre os cristãos pagãos com os judaizantes, que queriam que assumissem a cultura judaica:

Ele ensina o que recebeu de Deus (1,11-24), Pela primeira vez se dirige as comunidades com o título de irmãos (1,11). O texto conta a caminhada de Paulo como discípulo, menciona a visão de Damasco retomando o tempo em que perseguiu impiedosamente a Igreja de Deus (1Cor 15,9; Flp 3,6; 1Tm 1,13; cf. At 8,3-9), mas dentro de uma perspectiva diferente cada vez. O evangelho proclamado não é uma mensagem abstrata de salvação, nem a proclamação existencial do destino do homem.

Unidade da Igreja da Igreja e a liberdade Cristã (2,1-10). Paulo evoca a assembleia de Jerusalém que decidiu de uma vez por todas o princípio da liberdade dos pagãos em relação à lei judaica, sobretudo em relação à circuncisão (At 15, 1-35). Contudo, Tito, que foi circuncidado por causa de dois judaizantes, companheiro de Paulo, junto com Barnabé. Mas o Evangelho de Paulo não depende da aprovação de Pedro, porque ele o recebeu diretamente de Deus. Ele não é menos que Pedro: ambos têm a mesma missão (cf. 2, 8).   

 O perigo da hipocrisia (2,11-14). Quando foi necessário, Paulo fez oposição a Pedro, desmascarando a hipocrisia. Contudo, dá a Pedro o título de primeira testemunha da ressurreição (1Cor 15,5). Por exemplo, um judeu não podia comer ao lado de um pagão para não ficar impuro, violando a lei. A assembleia de Jerusalém tinha resolvido o problema (At 15), mas permaneceu só no plano dos princípios para os pagãos convertidos, porque os judaizantes continuam a pedir de que se cumpra a lei dos judeus. Então surge o retrato negativo do agente pastoral na ação dos judaizantes de forma negativa. Paulo os vê como deformadores, por não permitir que as pessoas sejam adultos em Cristo.

Jesus Cristo centro da vida (2,15-21). Deus justifica os judeus e os pagãos pela fé em Cristo. A justiça pela lei e a justiça pela fé (2,16), mas é necessário notar o que significa ser justificado, isto é ser declarado justo no tribunal. Para Paulo se justificado é viver a fé acima de tudo, aceitação da mensagem da cruz. Acreditar em Jesus Cristo é o colocar no centro da vida, é viver em Cristo (2,20).

3, 1-4,31 Argumentos da justificação pela fé e não pelas obras da lei. Os capítulos 3 e 4 apresentam a figura de Abraham e de Cristo como herdeiro das promessas.

A experiência espiritual dos Gálatas (3,1-5). Falta para o dom do discernimento, após ter recebido dos dons mais autênticos, de fazer a experiência da graça e do Espírito, votam para às práticas ruins (carne), como a observância da comida ou da celebração das festas judaicas ou da prática da lei, voltando atrás.

A promessa feita a Abraão (3,6-14).  Argumentando a circuncisão e observância da lei, sendo filhos de Abraão e fieis de Jesus Cristo, o texto contém pelo menos seis citações ou alusões da Escritura: (Gn 15,6 em Gal 3,6; Gn 12,3 em Gal 3,8; Dt 27,26 em Gal 3,10; Hab 2,4 em Gal 3,11; Lv 18,5 em Gal 3,12; Dt 21,23 em Gal 3,15). Trata-se de um raciocínio baseado na Torá, a citação de Habacuque apenas vem reforçar o argumento na carta aos Romanos. Paulo se apresenta contrário, expondo as promessas de Cristo.

A lei dada posteriormente e provisória (3,15-24). O texto tenta responder à objeção dos judaizantes. O papel da lei era castigar, submeter, mostrar a sua incapacidade de se salvar, Paulo é contrário a essa visão. Ele não se separou da Torá do judaísmo, mas lhe deu uma resignação dolorosa cujos ecos são percebidos ainda em Flp 3, 4-8.

Uma dúplice preocupação dogmática (3,25-29). No mundo romano o pedagogo era um escravo severo que tinha a tarefa de vigiar e castigar uma criança (3,25). Cristo no qual entramos pelo batismo deve nascer dentro de nós. Terminada a lei, somos filhos do Filho de Deus. Somos um em Cristo, portanto: “Não há mais diferença entre judeu e Grego, entre escravo e livre, entre homem e mulher” (Gl 3,28). Somos um em Cristo Jesus, como descendentes de Abraão para quem a promessa é válida (3,29).

Graças ao Espírito, fruto da promessa (4,1-7). A tutela da lei acabou; somos filhos no Filho graças a Espírito de promessa realizada no nascimento do Filho de Deus nascido sob a lei para resgatar os que estavam submetidos à lei (4, 4-5). Logo, se os Gálatas submeterem aos costumes judaicos é viver fora do projeto de liberdade de cristo.

De volta à experiência dos Gálatas (4,8-20). Será que os Gálatas esqueceram seu Apóstolo? Eles deram as boas-vindas ao novo modo de viver e de se relacionar, a partir do Evangelho anunciado por Paulo, como sonho de vida e liberdade esperado (Gl 4,8).  Promovem é uma evangelização ou catequese castradora dos valores de pessoa como tal, gerando dependência constante (4,17). O ponto final da evangelização é a pessoa de Cristo: "Até que Cristo seja formado em vocês" (4,19). Os Gálatas só se tornarão cristãos quando permitirem Cristo se realize nas suas vidas.

De volta às Escrituras, filhos da mulher livre (4,21-31). A história de Agar e Sara (Gn 16,1-16; 21, 8-21) receberam várias interpretações. A oposição entre as duas mães, a escrava e a mulher livre, carregam um contraste entre duas mentalidades: da carne e do espírito, de acordo com as circunstâncias naturais do nascimento. Ismael é o filho da carne, Isaac é o filho das promessas (Rm 4,19), nascido do Espírito, fonte de vida (Rm 1,4; 1Cor 15,45). Desta forma, Isaac representa os cristãos que se tornaram filhos pela ação do Espírito divino (Gl 4,6-7). Logo os cristãos pertencemos à Jerusalém celestial, não voltam à escravidão da lei! Os filhos de Sara, pertencem à Jerusalém celestial.

5, 1-6,10 A liberdade em Cristo e a vida segundo o Espirito. Parte considerada como seção moral. Paulo quer que os Gálatas respondam a vocação de liberdade em Cristo, segundo o Espirito de Deus e da Jerusalém celeste.

Cristo nos salvou para a liberdade (5, 1-6). Se Cristo libertou, não temos que nos tornar escravos outra vez, mas viver na liberdade dos filhos de Deus. Os Gálatas têm que se manter firmes à condução da liberdade como soldados em sua posição. Não se trata de serem cativos da lei, mas para serem livres em Cristo.

Ameaça contra os agitadores (5,7-12). Paulo lembra os bons tempos de conversão, foram bons corredores como os atletas no estádio. Os Gálatas acolheram bem o anúncio (cf. 5, 7a). Mas eram influenciados pelos judaizantes, o que acabou atrapalhando o caminho de aproximação em Cristo (cf. 5,7b; 3, 1-4).

Liberdade e caridade (5, 13-15). O chamado para a liberdade e para a caridade como vocação. Deus é fiel e não abandona aqueles que chamou (1Ts 5,24; 1Cor 10-13). Deus dá os meios para enfrentar o risco da liberdade que não é mais autonomia individual, que então cai no âmbito dá a carne. Por derivar de um chamado de Deus a liberdade toma forma no agape e se desenvolve na estrutura da comunidade.

Prosseguir guiados pelo Espírito (5,16-18). Apresenta os frutos oposto entre carne e espírito. Devido a essas indicações, existe o questionamento se Paulo não se refere a um grupo de adversários ou se os judaizantes acusados ​​se infiltram para pregar a circuncisão sem se preocupar com a conduta moral dos fiéis.

As obras da carne (5,19-21). A vida de acordo com o Espírito e a vida de acordo com os instintos egoístas, eles são como duas árvores com frutas totalmente diferentes: a primeira produz frutos Bons, segundo o Espirito; a segunda, frutos ruins, segundo a carne.

O fruto do Espírito (5,22-26). Paulo faz uma lista dos vícios, que podem ser resumidos na impureza, na idolatria e na feitiçaria, que afastam de Deus. Em oposição às obras da carne vem os frutos do Espírito, que fazem crescer na liberdade.

A lei de Cristo e vida nova em comunidade (6,1-10). A lei de Cristo não é legalismo que substitui o judaísmo (Rm 8,2). A única lei de Cristo é o amor que nasce da liberdade que leva para além de qualquer lei e que conduz para a vida eterna.

6, 11-18 Conclusão e bênção final. No final da carta, Paulo desmascara as reivindicações dos judaizantes, na carta escrita pelo próprio punho (6,12-13). De acordo com os ensinamentos rabínicos, o pagão prosélito, legalmente parecia um recém, nascido era uma "nova criatura," mas era necessário ser circuncidado. Para Paulo, eles não são apenas os pagãos que nascerão de novo em Cristo, mas todos os homens, sem exceção, tanto judeus como gregos e a circuncisão não tem importância.

Rafael Lopez Villasenor, sx

BIBLIOGRAFIA

BORTOLINI, José. Como ler a carta aos Gálatas: Evangelho é liberdade. São Paulo: Paulus,1997.

CRB. Viver e anunciar a Palavra: as primeiras comunidades. São Paulo, Loyola 1995.

COTHENET, Eduardo. La carta a los Gálatas.  Navarra: Verbo Divino, 1981.

SERVIÇO DE ANIMAÇÃO BÍBLICA. Mês da Bíblia 2021, carta aos Gálatas: “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d). São Paulo: Paulinas, 2021.


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