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Teologia

Josué: a terra dom e conquista


Este ano de 2022, somos convidados para estudar o livro de Josué, sob o lema “O Senhor teu Deus está contigo onde quer que andes” (Js 1,9). O motivo principal da escolha do livro de Josué é pela celebração dos duzentos anos de independência do Brasil. Porém ao lermos o livro de Josué não podemos esquecer a realidade atual dos sem casa, dos sem-terra e dos indígenas que lutam pela posse da terra em busca de dignidade.

O livro de Josué é parte dos livros históricos, continuidade do pentateuco. Começa com a missão de Josué e termina com a morte dele. Josué é principal ator e sucessor de Moisés na condução e na animação do povo de Israel. O livro descreve a entrada e a pose da terra prometida, fatos ocorridos em torno da repartição da terra entre as doze tribos, sob liderança de Josué. É assim que os fatos são apresentados no texto. O texto é fruto de várias épocas e contextos.

O livro foi escrito através de um longo processo redacional, iniciado no século VII a, C e terminado no pós-exílio no século V a. C. pelos deuteronomista com acréscimos da tradição sacerdotal. O tema central é a “conquista” e a posse da terra pelas tribos. Os textos tentam interpretar a história de Israel a partir da entrada na terra prometida. Os acontecimentos narrados se situam entre os anos 1230 a 1200 a.c. O protagonista é Josué, o discípulo predileto de Moisés, filho de Num (Js 1,1); de acordo com os textos é um guerreiro que luta contra os amalecitas a pedido de Moises (Ex 17, 8-16); segundo a tradição morreu com 110 anos (Jz 1, 8-9).

Uma leitura atenta do livro mostra que a posse da terra não se realizou de um momento para outro, mas foi um processo. Sempre houve resistência (Js 13,1-6). No fim da vida de Josué, ainda havia regiões para serem “conquistadas” (Js 23, 4-5). Também, não todas as tribos tiveram a mesma atuação na defesa da terra (Js 19,47; Jz 5,15-17). Porém, é difícil saber o que historicamente aconteceu. As narrativas do livro apresentam três aspectos: a) Javé é o único Deus ao que Israel obedece; b) a terra é dom de Deus que combate por Israel; c) a posse da terra depende de um compromisso coletivo.

Existem três teorias sobre a ocupação da terra:  a) “conquista” global e violenta, é a hipótese tradicional e mais antiga. A “conquista” aconteceu como se relata em Js. 1-12. Em três ou quatro campanhas relâmpago militares, lideradas por Josué; b) imigração progressiva e pacífica, isto é, a “conquista” em um longo e complicado processo de imigrações, misturando-se as tribos com a população de Canaã, passando as tribos de uma vida de seminômades para o sedentarismo; c) revolução social, segundo a qual o povo de Israel se formou de nativos cananeus que se juntando aos marginalizados do sistema e a um grupo de invasores ou imigrantes que vieram do deserto (êxodo) e tinham a fé em Javé, Deus libertador. Eles revoltaram-se contra as cidade-estado para conseguir o direito à terra. A ocupação aconteceria de maneira parcial, só nos planaltos centrais da Palestina, antes despovoados, agora ocupados pelos camponeses e pastores, que ali se refugiaram e se reorganizaram para resistir a exploração imposta pelos reis de Canaã.

O livro de Josué deixa claro que ninguém pode monopolizar a terra, ela é repartida entre as tribos. Porém, a tribo de levi, é uma tribo sem terras, consagrada à Javé (Dt 10,9; Js 21), ela recebe apenas algumas cidades. Sua principal função era manter a unidade do povo por meio da fé no Deus libertador, Javé. Para melhor realizar essa tarefa a tribo não recebeu nenhum território. Ela recebeu apenas aldeias, que se transformaram em cidades refúgio (Nm 35,1-8). Na época tribal, os levitas tinham direito  sobre as tribos e estas os deviam sustentar. A condições de sem-terra os tornou estrangeiros no meio das outras tribos (Jz 17,7; 19,1).

Sempre existiram cidade-estado cananeias como Jericó, Hai, Lakish, entre outras, na região da planície, que possuíam carros de ferro puxados por cavalos, a mais poderosa arma contra a guerra na época (Js 11, 9; 17, 15-18), por este motivo, os pastores para resistir se refugiavam nas partes altas, nas montanhas e escarpadas no planalto central, aonde os carros não podiam subir. A descoberta das cisternas e do ferro possibilitou a sobrevivência nas montanhas (Js 17, 14-18). Os reis das cidade-estado eram donos dos vales e das planícies e dominavam os camponeses. O ferro permitia derrubar a mata e a cisterna armazenar água da chuva em lugares altos onde não havia fonte (1Sm 13,19-22; Nm 21,18; Dt 6,11; Js 17,14-18).

A revolta contra as cidade-estado aconteceu com a chegado do grupo de Moisés vindo do Egito, que tinha fugido do Faraó, se reorganizou no deserto do Sinai, através da experiência da aliança em Javé, o Deus libertador (Ex 3, 1-15). A fé em Javé permitiu aos povos oprimidos da Palestina lutar contra as cidade-Estado, desmascarando a falsidade da religião do sistema dos reis, se organizando no sistema tribal igualitário. Aos poucos foi surgindo um povo com doze tribos, que tem como referência a assembleia de Siquém (Js 24, 1-28).

As tribos são uma sociedade igualitária a partir da família patriarcal (Nm 1,1-2,34; Dt 17,4-20); em que se proíbe acumulação de bens (Ex 16,1-30); a terra deve estar nas mãos das famílias, para não ter acumulo se estabelece o ano jubilar e sabático (Lv 25,1-35; Dt 15,1-11); o poder é descentralizado com assembleias (Ex 18,13-37; Js 24; Nm 11, 16-25); as tribos se organizam para lutar contra o inimigo (Jz 4,6-10); os mandamentos devem ajudar a viver a liberdade (Ex 20,1-17); tendo a fé somente em Javé, Deus Libertador (Ex 3,1-15; 17,1-7; 22,20-26); com um culto que celebra a vida e a história (Ex 19,1-8;24,1-11; Js 24,1-28); com os sacerdotes a serviço do povo (Nm 18,20; 35,1-8).

No sistema tribal a distribuição da terra segundo critérios justos. As famílias recebiam as terras segundo as suas necessidades (Nm 26,52-56), com essa organização, não havia concentração de terras nem acúmulo de excedente da produção (Cf. Dt 23,25-36; 26,12-15). A colheita era comunitária e seus frutos eram partilhados segundo as necessidades. O que sobrava, uma parte era armazenada para períodos difíceis, outra parte ficava para semente no ano seguinte e o restante era consumido nas grandes festas. Também não havia exploração nem imposição de tributos a ninguém.

A terra é dom de Deus a ser repartida (Js 18,1-10), de acordo com as necessidades (js 13); mas Javé é quem dá a terra (Js 21,43; 1,15). Todo o povo tem direito a receber um pedaço de terra para viver dela. A terra é repartida segundo as divisões do povo: tribos, clãs e famílias. A terra não é para acumular, ela é de todos, pois é dom de Deus.

Rafael Lopez Villasenor, sx


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