Skip to main content

Faça uma doação

Os Missionários Xaverianos não dispõem de nenhuma receita a não ser o nosso trabalho evangelizador e as doações dos amigos benfeitores. O nosso Fundador, São Guido Maria Conforti, quis que confiássemos na Providência de Deus que nunca deixa desamparados seus filhos. Invocamos sobre você e sua família, por intercessão de São Guido Maria Conforti, as bênçãos de Deus.
Atenciosamente,

Redação da Família Xaveriana


Deposite uma colaboração espontânea:

Soc. Educadora S. Francisco Xavier
CNPJ: 76.619.428/0001-89
Banco Itau: agência 0255, conta corrente:27299-9
Caixa Econômica ag. 0374, conta corrente: 2665–3

Artigos religiosos

Visite o site do nosso centro de produção
de artigos religiosos e missionários

CEPARMS


TercoMiss

TercoMiss

Teologia

Maria, geradora de vida


O mês de Maio dedicado a Maria, tempo pascal que antecipa a festa de Pentecostes. Jesus sendo Deus é nascido de mulher, nos leva a pensar a verbos como nascer, gerar, conceber, dar à luz. São os verbos que nos reconduzem à primeira página do Evangelho de Mateus. Gerar é o verbo que tece (Mt 1,1-17), a genealogia de Jesus e abre a narração do Evangelho

Uma genealogia perfeita seguindo as regras judaicas e patriarcais: da Abraão a Davi 14 gerações; da Davi ao exilio 14 gerações; do exilio de Babilônia a Jesus 14 gerações. 14 nomes masculinos por três vezes. O máximo da perfeição com a finalidade de apresentar a origem judaica de Jesus Cristo (v 1) e concluir apresentando-o como Messias (v 17). Não esconde, aliás revela a visão messiânica oficial: Abraão, Davi. A leitura é monótona e enfadonha, nomes impronunciáveis, mesmo assim lemos com atenção. Na genealogia patrilinear nos surpreendem uns nomes de mulheres, aparentemente sem revelar a intenção, ou uma escolha precisa cinco nomes de mulheres entre elas Maria.

O que nos surpreende ainda mais é não encontrar nomes de Matriarcas famosas: Sara, Rebeca, Lia, Raquel, Debora. Os nomes que encontramos são: Tamar (Mt 1,3) uma mulher arameia que se prostitui com o sogro para ter seu direito garantido (Gn 37,25-28; Gn 38). Raab (Mt 1,5) é Cananéia de profissão prostituta na cidade de Jericó, ajuda o grupo de Josué a entrar na terra prometida (Josué 2,2-21; Josué 6,22-25). Rute (Mt 1,5b) é a Moabita que volta com Noemi para Belém e seduz Booz, parente mais próximo do finado marido para garantir a posse da terra (Livro de Rute). Betsabéia (Mt 1,6) dela nem se diz o nome, mas que foi a mulher de Urias o Hitita, usada por Davi, se tornará a mãe de Salomão (2Sm 11 e 12; 1Rs 1).

Acompanhando a história destas mulheres notamos pontos em comum: são emarginadas pelas estruturas sociais e pela família patriarcal; sofrem injustiça; quebram normas por viver uma situação sexual fora dos padrões; transgressoras das leis para obter seus direitos, mas ao final sua situação é reconhecida como justa.

Poderíamos observar também outros aspectos: são estrangeiras, tomam decisões difíceis e dispõem de seu corpo com autonomia. De maneira escandalosa entram a fazer parte da história do povo de Israel, no reverso da história da salvação. São mulheres que transgredem numa difícil equação entre justiça e poder, criatividade e risco. Prostitutas, adulteras, estrangeiras, sedutoras, tramam, mentem, enganam, mas ao mesmo salvam a si próprias e as pessoas que pertencem à sua casa. Maria é a quinta mulher a ser apresentada como mãe solteira dela se diz que tinha um noivo. Maria não está sozinha está em boa companhia!

Ao continuarmos a ler o Evangelho de Mateus percebemos algo, nunca ouvimos a voz de Maria, o anjo fala somente com José e a ele dá recados; José leva Maria para casa – para o Egito – de volta a casa... Que modelo de mulher se delineia e como este modelo influencia a vida das mulheres? Que modelo de relação homem – mulher insinua? Percebemos uma mulher totalmente dependente do homem; ela não é destinatária das falas dos anjos como a dizer que ela não vai ter iniciativa para sair da situação de perigo em que ela e o filho se encontram. José é o destinatário dos anúncios dos anjos e quando recebe os recados, toma decisões sem consultar.

Estes textos, suas interpretações que mantos colocaram sobre Maria? Que imagem de Maria aparece e como isso influencia a vida das mulheres na família, na sociedade, nas igrejas? Por que é importante apresentar Maria assim? A quem interessa? Mas, estes textos são precedidos pelo texto da genealogia de Jesus onde Maria está em boa companhia.

Que interrogação esta longa lista de nomes masculinos, interrompida pelo nome de cinco mulheres Tamar – Raab – Rute – Mulher de Urias – Maria suscita em nós? Poderíamos dizer Maria vai com as outras. Como interpretar esta frase: Maria vai com as outras? Maria e as outras quatro mulheres? O que queriam estas mulheres? Por que foram reunidas no espaço tão pequeno e na genealogia de Jesus? Foram salvas por quem? Pela graça? Pelas obras? O que justifica tanta transgressão, mentira, sedução, artimanhas? Que significado tem sua presença neste texto que é apresentação cristologica fazem de Jesus? Que luzes sobre os messianismos das comunidades de Mateus? Assinalam o encontro do Primeiro com o Segundo, do Antigo com o Novo. Maria no cordão das Matriarcas, das geradoras de vida, das mães do povo.

Maria a mãe solteira de Jesus não é deixada sozinha na sua gravidez escandalosa, está em boa companhia. Mas a comunidade de Mateus recorda essas mulheres como as antepassadas de Jesus. Em Jesus corre seu sangue, sangue estrangeiro. Sangue de mulheres que as estruturas sociais colocam a margem. Mulheres que ousam transgredir, para alcançar justiça, para se salvar e salvar sua casa.

A genealogia quer nos alertar, proclamar a Boa Notícia é proclamar que Jesus, o Emanuel, Deus conosco, nasceu de uma mulher, nasceu com sangue misturado com quem é colocada à margem. Maria mãe de Jesus rompe com a família patriarcal ao conceber sem precisar de homem. Jesus não vem de uma genealogia de raça pura, vem dos que o sistema coloca a margem, exclui: em sua mãe Maria a comunidade declara que Jesus o Messias, o Emanuel nasce, cresce, vive, luta e morre pelos pobres.

Quatro mulheres estrangeiras. Quatro mulheres de conduta duvidosa. Quatro mulheres que souberam ir à luta para alcançar seus direitos, conseguir o que era delas. A perfeição se foi, mas isso fez sentir Maria menos sozinha. Ela que era mãe solteira se achou bem junto de estrangeiras e prostitutas. Ela que precisava de coragem, na força das antepassadas encontrou energias para ser a mãe deste filho sem pai. E para ressaltar isso escreveu: José esposo de Maria!

Mas, José como ia ficar José, rapaz justo, cumpridor da lei. Não, não, não ia assumir uma paternidade não sua. Estava muito contente, tinha encontrado a solução, ia manda-la embora, não clamorosamente, mas na privacidade. Ele, José era homem honrado não ia assumir a paternidade do filho que seu não era. E Maria? Sentia muito por ela. Gostava muito da moça: recatada, bonita e prendada. Mas como foi se meter numa situação semelhante? Como podia ter caído na lábia de alguém de fala mansa? Sentia muito, mas ele não, não ia criar filho de outro. Faria tudo em segredo, não queria prejudicar a moça. Era tudo o que ele podia fazer. Maria, depois que se virasse. Tinha encontrado a solução ao problema, sossegou, tranquilizou e depois de muitas noites insones, adormeceu. Dormiu o sono dos justos.

De onde vem todo este medo? Deixa de ser medroso, José! Enfrenta o desafio! Acolhe na tua casa a mulher e seu filho (Mt 1,18-15). E no sono a voz falou, falou e falou, até que José pensou que era um anjo enviado por Deus a lhe trazer um recado. Anjo de jeito nenhum ia falar assim. Mas, ele lembrou que seu Deus era um Deus das surpresas, do inusitado e... De manhã quando acordou foi buscar Maria e a trouxe para sua casa. Assegurou à moça que ia assumir o filho, ele mesmo tinha já escolhido o nome e este era Jesus. Depois destas palavras José deu-se conta que o antigo profeta Isaias já havia profetizado algo de semelhante. Aí ele se apercebeu que o menino que ia nascer seria o Emanuel.

Os Magos estavam muito contentes (Mt 2,1-12), sua busca havia terminado, haviam enxergado no céu uma estrela. Estrela esperada. Estrela da novidade. Nos livros da antiga sabedoria, nas tradições dos astrólogos, nas lendas contadas ao redor das fogueiras, nos olhos voltados para céu, tudo falava deste evento a acontecer: um sinal luminoso, um sinal brilhante no céu iria anunciar uma nova era, era de um novo rei, de um novo reinado. Os olhos perscrutando. As mentes buscando. Os corações ansiando a chegada do novo.

O sinal apareceu, uma estrela luminosa. Os sapientes magos se puseram a caminho. Queriam encontrar. Queriam homenagear. Queriam reverenciar. Queriam ser súditos deste novo rei, neste novo reinado. Colocaram-se a caminho, deixando-se guiar pela estrela. E, quando a perderam de vista logo pensaram: um rei aonde podia nascer? E como a cidade próxima era Jerusalém eles pensaram por bem ir ao Palácio do rei. Alvoraçado Herodes mandou chamar os sapientes, os escribas e estudiosos. Mandou acordar sacerdotes e generais queria saber do novo rei. O medo apertou suas entranhas: alguém desejava seu trono! Logo, queria saber quem era o conspirador, quem almejava roubar sua coroa. Ninguém sabia de nada! Enquanto a corte inteira corria de cá pra lá, de cima pra baixo, ignaros e confiantes os magos foram dormir cansados de tanto andar.

Ao sair da cidade viram de novo a estrela. Até a vila de Belém eles foram conduzidos. Num pequeno casebre a estrela posou. E, surpresa dos magos a estrela iluminou uma mulher do povo ninando seu bebê. A novidade é universalidade; novidade é acolhida; novidade é inesperada; novidade é abertura. Novidade é tudo aquilo que é diferente, tudo aquilo que desacomoda, tudo aquilo que rompe os trilhos, tudo aquilo que brilha e nos faz novos e novas. Ao terminar de escrever Mateus pulou de alegria tinha conseguido através de a sua narração criticar um messianismo que se constrói na exclusividade dos homens como protagonistas, da centralidade do poder. E a sua narração era anuncio da Boa Nova, do Messias que nasce do corpo de uma mulher jovem e pobre”.

Ir. Tea Frigério, mmx


Artigos relacionados

Teologia

O Mistério Trinitário na Igreja

“Não podemos abarcar o oceano, mas podemos entrar nele. Não podemos abarcar o mistério da Trindad...
Teologia

A economia de Francisco e Clara

A mudança radical do sistema de morte que governa o mundo pode estar em nós por meio de nossos so...
Teologia

Origem da celebração do Natal

Estamos celebrando o Tempo do Advento. Em nossas reflexões litúrgicas desejamos conhecer a origem...
Teologia

Novos caminhos de Animação Missionária a partir da “Laudato Si’”

“Eis agora o tempo favorável por excelência” (2Cor 2), não vamos desperdiça-lo. Por ocasião do ce...