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Educação, uma dívida com o futuro


Este ano a Campanha da Fraternidade sobre a educação vem ao encontro do natalício de Paulo Freire Paulo Freire. Nascido em 19 de setembro de 1921, no Recife (PE), portanto celebramos o centenário de seu natalício do grande educador brasileiro, criador do método inovador no ensino da alfabetização para adultos e patrono da educação Brasileira.

Paulo Freire é conhecido por todos, por ser considerado um dos educadores mais importantes do século XX, mas sobretudo porque escolheu ensinar os muitos povos esquecidos da América Latina, convidando-os a tomar consciência de seus direitos. Sua pedagogia, até hoje, é sinônimo de uma busca quase acirrada pela igualdade social inatingível, por uma crítica educativa para um despertar necessário das manipulações de todos os tipos, mas também de uma alfabetização em constante avanço. O caminho de que fala Freire não é metafórico, mas feito de viagens, de uma pedagogia da pergunta, mas também de um encontro autêntico com o outro em sua plena corporeidade.

A pedagogia da esperança, uma de suas grandes obras, é, por exemplo, uma nova forma de conceber o conceito revolucionário de esperança, que Freire discute, analisa e, sobretudo, defende como componente integral e essencial da educação. Nela, apresenta aos leitores de então, mas também de hoje, a face construtiva da esperança, que não é estática nem puramente emocional, mas é uma força formativa e projetiva. É uma mensagem dirigida sobretudo aos intelectuais dos anos setenta, que, em sua opinião, caíram perigosamente na tentação neoliberal de ignorar o povo em favor de um progresso sem escrúpulos e selvagem. Uma biografia filosófica de Freire foi recentemente publicada no Brasil pelo filósofo educacional Walter Omar Kohan, um dos principais estudiosos do pensamento do pedagogo (1921-1997).

É bonito e quase comovente deixar que fale uma das filhas de Freire, Fátima, ela mesma é protagonista da pedagogia de hoje. “Como revela a biografia de meu pai, ele cresceu em uma família profundamente católica e muitas vezes, lembra que nunca desistiu de sua fé, apesar da forte influência da filosofia marxista em seus escritos. Meu pai me ensinou muitas coisas, mesmo contra sua vontade, mas sobretudo me fez entender que todo educador é, antes de tudo, um devedor, que deve transmitir tudo o que aprendeu e, se possível, deve tentar fazê-lo ainda melhor do que o que ele recebeu de seus mestres. A verdadeira dívida, porém, não é com aqueles que o precederam, mas com aqueles que esperam o amanhã de braços abertos para aprender. O educador está em dívida com um futuro que espera ser preenchido”.

Fátima Freire sabe que tem uma grande responsabilidade, no panorama da pedagogia atual, como filha de Paulo, patrono da educação no Brasil e o terceiro pensador mais citada em trabalhos acadêmicos ao redor do mundo. No entanto, sua mãe, Elza Maia Costa Freire (1916-1986), também foi uma grande educadora, e é a ela que Fátima atribui sua maior influência para seguir essa caminhada pedagógica.

Como é que cita sua mãe e não seu pai?

Quando criança acompanhei minha mãe à escola pública, onde ela trabalhava como diretora e ela gostava tanto, que o fazia com um entusiasmo único. Obviamente eu também recebia muito do meu pai, mas eu estava sempre ao lado da minha mãe, enquanto meu pai também tinha a tarefa de ajudar os outros, indo para as vilas mais distantes. E o caminho dele não podia ser interrompido. De ambos compreendi que não posso parar: há muito o que fazer aqui para combater o analfabetismo dos mais pobres, dos totalmente esquecidos. Como sempre digo, meu pai me influenciou justamente porque não me influenciou.

A vida de seus pais é certamente entusiasmante: qual episódio tem mais impacto?

Difícil dizer, os episódios foram muitos. Por exemplo, lembro que meu pai também trabalhou nos movimentos de educação popular do início dos anos sessenta; aliás, foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife, e ali trabalhou, rodeado por outros grandes intelectuais, no sentido de contribuir, por meio da valorização da cultura popular, para a presença participativa das consideradas massas na sociedade brasileira. Talvez hoje seja difícil entender o que realmente significava, mas não para quem conhecia bem a América Latina daqueles anos. Os encontros daquela época são indeléveis na memória de nós, crianças. Esse movimento marcou profundamente ele e toda a nossa família, mas também a história do nosso povo. Com seu amplo conceito de educação popular progressista, influenciou a campanha “De pé no chão também se aprende a ler,” criada pelo prefeito de Natal, no Rio Grande do Norte, local que, ainda hoje vive a gratidão ao meu pai. 

O trabalho intenso e difundido no meio rural permitiu-lhe ser conhecido, nacional e internacionalmente, como um educador ligado aos problemas do povo, às suas questões políticas, segundo o alto significado dos antigos gregos. No sentido filosófico precisamente. Não parava nunca, realmente nunca. Imediatamente após os anos de movimento, mudou-se para Brasília para servir ao Ministério da Educação, para realizar concretamente uma campanha de alfabetização excepcional. As classes mais endinheiradas sentiram a ameaça desse projeto e obviamente se opuseram a ele, temendo tumultos em nome dos direitos. Tudo isso faz parte do conhecimento histórico desta parte do mundo, mas também faz parte da minha vida.

Freire também combateu uma certa visão petrificada da paternidade e da maternidade "opressora". Para não gerar mal-entendidos sobre o assunto, deixo para você explicar seu significado.

Papai disse: "Não tenho dúvidas de que minha principal tarefa como pai amante da liberdade, mas não licencioso, ciumento de minha autoridade, mas não autoritário, não é administrar a opção partidária, religiosa ou profissional de meus filhos, orientando-os para isso ou aquele partido ou esta ou aquela igreja ou profissão. Pelo contrário, sem omitir minha visão partidária nos vários campos, meu dever é testemunhar diante deles meu profundo amor pela liberdade, meu respeito pelos limites sem os quais minha liberdade murcha; o meu respeito pela sua liberdade de aprendizagem, para que, amanhã, façam pleno uso dela".

Quando pensamos em Freire, pensamos sobretudo na redenção dos últimos, dos oprimidos, num sopro de ar fresco. Como você é afetada como filha?

Um pouco igual a todo mundo: uma rajada de ar fresco. Muitas vezes penso no fato de meu pai ajudar os outros com as palavras certas, com cultura, com o autêntico espírito de serviço e amor - sim, ele usou esse termo - até no diálogo com o aluno de plantão; fez o máximo, com coragem, pelos países que conquistaram a independência e organizaram seus planos educacionais com a alegria e o gosto do amanhã, mas sobretudo com atenção aos direitos. Cabo Verde e Angola, por exemplo, vão conhecê-lo pelo seu imenso trabalho e totalmente dedicado à essencial igualdade entre as pessoas. Esses povos indígenas queriam muito se libertar da consciência do opressor que abrigavam neles, para voltar a ser verdadeiros cidadãos pensantes.

Hoje seu pai é estudado academicamente, mas ele tem o reconhecimento certo em seu país?

Em parte, sim. Em setembro houve o lançamento da cátedra Paulo Freire, que nasce no Rio Grande do Norte. A cátedra se baseia em seus ensinamentos através de seus livros, mas também no estudo histórico de seu pensamento, como progenitor de nossa educação latino-americana. Estudaremos também seu impacto na educação mundial de hoje, sua vocação para os esquecidos e sua ação, no mundo, em nome de uma pedagogia libertadora. São sinais importantes, porque ainda hoje, em várias partes do mundo, há um analfabetismo alarmante e um desejo escasso, por parte dos mais poderosos, de eliminá-lo. A esperança e a tenacidade na esperança são sempre necessárias para não se deixar abater por um momento triste.

Paulo feire

De DORELLA CIANCI

Artigo publicado na edição do jornal Osservatore Romano, em 10 de janeiro de 2022.


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