Me chamo Marcelo Ávila, sou brasileiro, nascido na cidade de Campos Altos, MG. A história da minha vocação começou na minha adolescência, primeiramente no contexto familiar e depois através dos primeiros trabalhos na minha paróquia de origem.
Eu venho de uma família muito religiosa que me deu uma base muito sólida.
Sempre fui muito engajado nas causas sociais, sobretudo na promoção da dignidade da pessoa humana. Antes de entrar na congregação eu tive a oportunidade de fazer algumas experiências missionárias, duas na região da Amazônia, que foram fundamentais no meu processo de discernimento vocacional missionário.
Eu encontrei os missionários xaverianos em um curso deformação missionária e eu me identifiquei muito com a frase que caracteriza a congregação: “fazer do mundo uma só família”. Para mim ter encontrado os xaverianos foi ter encontrado as respostas mais profundas sobre minha vocação e minha própria história de vida.
Atualmente, eu estou há dois anos na comunidade internacional de Yaoundé, capital dos Camarões, estudando teologia em vista do ministério ordenado.
A vida na África é uma descoberta que a cada dia apresenta novas surpresas e desafios. Normalmente, quando chegamos é o tempo da descoberta e da adaptação, do aprendizado da nova língua e do encontro com a nova cultura. É a experiência do começar do zero. Você deixa seu país, onde não tinha nenhuma dificuldade de comunicação e chega em outro onde você é obrigado a aprender coisas tão simples, como dizer “bom dia” e “obrigado”.
Aqui nos Camarões as línguas oficiais são o francês e o inglês, mas, existem mais de 250 línguas locais, ou seja, a coisa complica ainda mais. Isso sem entrar em detalhes sobre as comidas, costumes, etc.
O que mais me encanta é a riqueza cultural dos povos que aqui vivem. As viagens pelo interior são encantadoras, sobretudo, quando se tem a possibilidade de escutar os mais velhos contando as histórias do passado, as lendas, os mitos de cada tribo, a relação com os ancestrais etc.
Nesses momentos especiais chegamos a esquecer que vivemos em um país em guerra contra o terrorismo e de contradições gigantescas. No extremo norte os ataques do grupo fundamentalista islâmico Boko Haran ainda continuam tirando a vida de pessoas inocentes. Aqui as pessoas falam que o Boko Haran é um inimigo invisível: ninguém sabe quem é e quando vão atacar! Resta, muitas vezes, o medo, a insegurança e a incerteza.
Todavia, o povo africano traz no coração uma grande capacidade de amar e de viver, e acredito que a nossa presença aqui é despertar em cada pessoa a capacidade de amar e de viver. O missionário é aquele que cria novas relações: relações de esperança, de solidariedade e de vida nova. É também quem sente paixão pelas pessoas, particularmente pelas mais necessitadas. O missionário é aquele que é capaz de partir, não levar muita coisa, estar sempre em movimento.
A mensagem que eu deixo aos jovens e de não ter medo de responder ao chamado de Deus. Ele pode ser desafiante, exigente, às vezes encontramos dificuldades, mas, existe uma beleza sagrada que leva a dizer sempre: nada foi em vão, tudo valeu a pena.
E eu sou muito feliz e realizado de ter respondido sim!
Ainda tenho três anos aqui nos Camarões. Tenho o desejo muito grande de continuar minha missão em terras africanas. A congregação está estudando a possibilidade de abrir uma nova missão no Sudão do Sul, um país de maioria muçulmana devastado pela guerra civil.
Às vezes sonho com essa nova missão e entrego meu futuro nas mãos de Deus. Estou sempre preparado para partir e começar outra vez.
Marcelo Ávila.