Celebrar o Natal é celebrar o nascimento de Jesus Cristo o Filho de Deus. Porém muitas vezes esquecemos que o aniversariante é o próprio Jesus e nos limitamos a uma confraternização familiar entre amigos, seduzidos pelo consumismo do Papai Noel.
A festa do Natal é a celebração em que o divino se encarna no humano. Deus que vem até nós para que nós cheguemos até Deus. O divino se humaniza, para que a humanidade se divinize. Deus se faz humano, revelando-nos que o divino está presente no humano, isto é, todos somos “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1, 27).
Os evangelhos da Infância, mostram um Jesus humano sendo o ungido, o enviado por Deus, com a missão de libertar o povo que andava nas trevas (cf. Is 9, 2). Afim de libertar o povo se fez solidário com os pobres, nascendo sem-teto, na periferia do mundo judaico, inclusive o próprio menino, após o nascimento teve que fugir para o Egito com os pais, para escapar da perseguição de Herodes, se tornando um refugiado e assumindo o sofrimento humano.
Jesus de Nazaré nasceu dentro de uma sociedade escravizada pelo imperialismo romano e discriminada pelo poder religioso dos judeus, que usava a religião para marginalizar os pobres e doentes, através da lei da pureza e impureza, dividendo a sociedade e as pessoas entre puras e impuras. Os ricos e sadios eram os puros, logo abençoados, enquanto os pobres, doentes, órfãos e viúvas eram considerados os impuros, isto é, pecadores e amaldiçoados por Deus.
Os primeiros a reconhecerem o divino no humano em uma criança recém-nascida sãos os pastores, pessoas que eram pobres e marginalizadas (Lc 2,1-20). Também os Magos que eram estrangeiros, considerados impuros, testemunham a encarnação do divino no humano. Os Magos que eram sábios do Oriente que seguiam uma estrela, que no lugar de os levar para Jesus, os desvia para Herodes e para as autoridades de Jerusalém, que não reconhecem o divino no humano (Mt 2,1-12).
Os que detêm o conhecimento e o poder oficial ignoram Jesus de Nazaré, enquanto os pastores pobres e os Magos estrangeiros, de outra cultura, reconhecem a salvação no recém-nascido. Herodes contra Jesus, Jerusalém contra Belém (cf. Mt 2, 2). Os Magos para chegar até Jesus em Belém pegam outro caminho e rompem com o sistema opressor de Herodes e das autoridades religiosas de Jerusalém. Eles enxergam que do poder opressor não nasce nada de bom, nem de novo para a sociedade.
Hoje também existe duas formas de celebrar o Natal: a festa do Papai Noel, o ídolo do consumismo que seduz crianças e famílias, até se desumanizarem ou celebrar a festa do Natal de Jesus, o libertador dos pobres que veio trazer a paz e harmonia nas famílias, até se humanizarem. Hoje surge ainda: Papai Noel contra Jesus, o consumismo contra a solidariedade.
Que nesse Natal e na virada do ano novo possamos nos humanizar, sendo solidários com os pobres e reconhecendo que Jesus nasceu em Belém e que deve nascer em nosso coração também. Que deixemos do lado o Papai Noel do consumismo, que muitas vezes ocupa o lugar de Jesus no nosso lar.
Os Missionários Xaverianos desejamos a todos um Feliz e Santo Natal de Jesus!
Rafael Lopez Villasenor, sx