Skip to main content

Faça uma doação

Os Missionários Xaverianos não dispõem de nenhuma receita a não ser o nosso trabalho evangelizador e as doações dos amigos benfeitores. O nosso Fundador, São Guido Maria Conforti, quis que confiássemos na Providência de Deus que nunca deixa desamparados seus filhos. Invocamos sobre você e sua família, por intercessão de São Guido Maria Conforti, as bênçãos de Deus.
Atenciosamente,

Redação da Família Xaveriana


Deposite uma colaboração espontânea:

Soc. Educadora S. Francisco Xavier
CNPJ: 76.619.428/0001-89
Banco Itau: agência 0255, conta corrente:27299-9
Caixa Econômica ag. 0374, conta corrente: 2665–3

Artigos religiosos

Visite o site do nosso centro de produção
de artigos religiosos e missionários

CEPARMS


TercoMiss

TercoMiss

Teologia

A identidade do Demônio. Quem é esse personagem?


A palavra "demônio" não é nem hebraica nem bíblica, mas grega. Este termo só é imposto entre os judeus por influência da mentalidade grega e porque a partir do século III a.C. a Bíblia hebraica foi gradualmente traduzida para o grego, a língua universal do momento, na cidade de Alexandria. Nesta versão grega do texto sagrado, a chamada tradução da Septuaginta, "satanás" às vezes é traduzido como "demônio". 

Ora, mesmo que a palavra "diabo" não exista adequadamente, o que há, pelo menos, no Antigo Testamento hebraico que corresponda à noção de que essa palavra significa? A primeira resposta também é dada e já a destacamos acima: uma espécie de ideia difusa da existência objetiva, quase personalizada, de Alguém ou Algo que se opõe a Deus e ao homem, para pior.

Em segundo lugar, os "demônios" – com outros nomes – logo serão identificados com os gênios do mal hebreus, aqueles seres malignos do folclore hebraico.

Terceiro, "demônios" ou seres sobrenaturais são para os israelitas os espíritos dos mortos (Is 8, 19).

Quarto, os demônios são, desdenhosamente, as divindades dos gentios: o que os pagãos adoram são certos espíritos que se fazem passar por deuses fazendo com que os povos um tanto tolos os adorem e ofereçam sacrifícios.

Em quinto lugar, muitas das funções desempenhadas pelo que os gregos chamam de "demônios nocivos e devastadores" são desempenhados no Antigo Testamento pelos "anjos de Javé". Eles são, como Satanás, espíritos subordinados a Deus, anjos em princípio bons ou neutros, que se vingam em Seu favor por algumas más ações e são portadores contra os homens de pragas e castigos.

Finalmente, no que diz respeito à origem desses "demônios", temos que verificar: assim como em todo o Antigo Testamento não há um único texto em que a origem dos anjos seja claramente falada, também não encontramos nenhuma passagem que diga claramente de onde vêm esses possíveis gênios malignos que os judeus de língua grega chamavam de "demônios".

Há, no entanto, um texto importante e obscuro do livro de Gênesis que desempenhará um papel crucial na explicação da origem dos espíritos malignos:  6,14. O texto diz que os "filhos de Deus", isto é, os anjos encarregados por Deus de vigiar a terra e que – segundo a concepção hebraica – estavam à espreita no primeiro céu (Livro de Enoque, eslavônico: publicado na série apócrifa do Antigo Testamento, volume IV), localizados imediatamente acima da terra, estavam fixados nas filhas dos homens,  apaixonaram-se por eles e de sua relação carnal nasceram os gigantes, de imensa estatura, "heróis de velhos homens de renome" (versículo 4).

Esse mito parece ser semelhante ao que explica na mitologia grega a origem de certos gigantes: seres semidivinos, de enorme força, que nasceram da união dos deuses com as mulheres.

O texto bíblico de Gênesis não diz nada diretamente sobre "demônios", mas veremos imediatamente como anos depois a literatura apócrifa do Antigo Testamento (séculos IV/III a.C.  s. EU A.D.) Ele vai amplificar esse motivo e usá-lo para explicar a origem desses espíritos malignos.

De repente, por volta de 150 ou 160 a.C. no livro de Tobias, que faz parte do grupo de escritos bíblicos "deuterocanônicos" (assim chamados porque judeus e protestantes não os admitem no cânon, mas os católicos o fazem), provavelmente originalmente escritos em grego, um demônio aparece com todas as suas propriedades. Este é o famoso Asmodeus.

Este termo é provavelmente retirado do panteão persa: Asmodeus seria um "aesma daeva", um dos sete espíritos malignos que acompanham Angra Mainyu ("O Espírito do Mal", Ahriman, seu comandante-em-chefe. Esse demônio, Asmoodeo, estava apaixonado por Sara, filha de Raguel, parente de Tobias. Para que ninguém – nenhum pretendente – a tocasse, o demônio ciumento matou na noite de núpcias os sucessivos maridos que foram introduzidos no tálamo nupcial.

Esse demônio é literalmente assustado, fumigado, pelo jovem Tobias, o herói da história. Graças à fumaça mágica produzida pela incineração do coração e do fígado de um peixe misterioso, pescado pelo próprio Tobias, com a ajuda do anjo que o acompanha, no rio Tigre, o demônio foge. O anjo Rafael parte em perseguição e o prende no Egito, onde o acorrenta deixando-o impotente. Tobias pode então se casar com Sarah.

Em outro livro tardio do Antigo Testamento, o da Sabedoria (2, 24), a serpente do paraíso já está claramente identificada com Satanás (em grego, o Diabo), uma identificação que será muito bem-sucedida no futuro.

E, finalmente, em um escrito apócrifo, a Vida (grega) de Adão e Eva – também chamada de "Apocalipse de Moisés" (17, 4), publicada nos Apócrifos do Antigo Testamento, volume II – faz a mesma associação.

Referindo-se à queda de Adão, o autor do Livro da Sabedoria diz: "Deus criou o homem incorruptível, fê-lo à imagem da sua própria natureza; mas da inveja do Diabo entrou no mundo a morte, e é experimentada pelos que lhe pertencem" (Sabedoria 2, 24).

Aqui Satanás aparece não apenas como um certo oponente de Deus, mas como um adversário e inimigo da humanidade. Além disso, o mal mais temido pelos homens, a morte, não vem mais da divindade. O autor atribui-o inteiramente ao pernicioso ser maligno desse ser maligno. Começa a desenhar com características mais precisas o que mais tarde seria a Encarnação do Mal, e inicia uma teologia (mais propriamente, uma "teodiceia" = tratado que "justifica Deus") que busca aliviar a divindade de sua responsabilidade na origem do mal.

Continuaremos a nos perguntar que mudanças ocorreram na religião judaica para que, de repente, os demônios apareçam com mais clareza.

Antônio Piñero


Artigos relacionados

Teologia

Deus viu que tudo era muito bom!

Até poucos anos atrás acreditava-se que a terra e seus recursos eram infinitos, se pensava que a ...
Teologia

Bíblia: ação e gratidão

Setembro, mês da Bíblia: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repree...
Teologia

Teologia Antropológica

Clareando os conceitos: O que é a Teologia? O que é a Antropologia? O que é a teologia antropológ...
Teologia

Esmola, jejum e oração: tripé da espiritualidade da quaresma

A Igreja começou o tempo quaresmal. Iniciar o período significa inaugurar um tempo de penitência,...