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Teologia

O clamor do cego Bartimeu


O evangelista Marcos narra um milagre operado por Jesus quando deixava a cidade de Jericó: a cura do cego Bartimeu. Jesus estava deixando a cidade de Jericó juntamente com os seus discípulos e uma grande multidão O seguia.

Pelo caminho em que Jesus passou havia um cego por nome Bartimeu, filho de Timeu, que estava assentado à beira do caminho mendigando.

Quando Bartimeu ouviu que era Jesus de Nazaré que passava, começou a clamar dizendo: - “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. A narrativa deste milagre decorre do fato de Bartimeu ter ouvido que era Jesus de Nazaré que passava.

Há dois pontos dignos de análise nesta narrativa:
  • a) O cego ouviu que era Jesus de Nazaré que passava, e;
  • b) O cego clamou por Jesus, Filho de Davi.

Por que o cego clamou dizendo: - “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim”, em vez de clamar: “Jesus de Nazaré, tem de misericórdia de mim!”? O texto deixa explícito que Bartimeu ouviu que Jesus de Nazaré passava. Há algo significativo no fato dele ter clamado ‘Filho de Davi’, e não ‘Jesus de Nazaré’?

Analisemos! Se Bartimeu fizesse referência à pessoa de Cristo como ‘Jesus de Nazaré’, estaria admitindo, com base no que era divulgado pelo povo, que Jesus era o filho de José, aquele que residia em Nazaré, uma cidade da Galileia ( Lc 1,26 ). Ao admitir que Cristo era ‘Jesus de Nazaré’, Bartimeu estaria somente vinculando a pessoa de Cristo ao carpinteiro José, marido de Maria, ou que Cristo era um profeta.

A bíblia nos aponta que a concepção do povo era: a) Jesus é o filho do carpinteiro José, e; b) Jesus é um dos profetas “E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas” (Mt 16,13-14 ); "E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?" ( Jo 6,42 ). Mas, afirmar que Jesus é o Filho de Davi é admitir que as Escrituras cumprem-se especificamente na pessoa de Jesus.

Quando o cego Bartimeu clamou dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”, num mesmo brado estava rogando e admitindo que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus que havia de vir ao mundo conforme o previsto nas Escrituras.

Na declaração daquele homem cego havia inúmeras implicações. Se homem de Nazaré, era o Filho de Davi, era o Filho de Deus e tinha direito a se assentar no trono de Davi seu Pai. Admitir que Cristo era o Filho de Davi era o mesmo que confessar que Cristo era o Messias prometido nas sagradas escrituras pelos profetas, nascido da descendência de Davi segundo a carne e Filho de Deus, pois o seu próprio pai na carne, em espírito, O chamou de Senhor dizendo: “DISSE o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” (Sl 110,1; Mt 22,43 )

A repreensão de muitos

Diante do clamor do cego Bartimeu, muitos o repreendiam para que se calasse. Os que repreenderam o cego, estavam incomodados com o barulho que o cego estava fazendo, ou estavam incomodados com a declaração do filho de Timeu?

Para resolver este impasse, temos que artimeunos socorrer de outras passagens da Bíblia.

Certa feita Jesus foi ao templo e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo e, após motivar o que havia feito citando as escrituras ( Mt 21,13 ), curou muitos cegos e coxos que foram ter com Ele ( Mt 21,14 ). Quando os principais dos sacerdotes viram as maravilhas que Cristo estava realizando e as criancinhas que clamavam dizendo: -“Hosana ao Filho de Davi”, indignaram-se e questionaram a Jesus dizendo: - “Ouves o que estes dizem?” (Mt 21,16 ), ao que Jesus respondeu citando as escrituras: - “Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” (Mt 21,16 ).

Fica claro no texto de Mateus 21 que a indignação dos principais dos sacerdotes e dos escribas repousava no fato de as criancinhas declararem abertamente ser Jesus o Filho de Davi. Como as crianças não eram passíveis de reprimenda frente ao que declaravam, os religiosos Judeus voltaram-se contra Cristo exigindo uma posição.

Existe um paralelo entre a narrativa das criancinhas que clamavam ‘Hosana ao Filho de Davi’ e o que clamou Bartimeu: ‘Jesus, Filho de Davi, tende misericórdia de mim’.

A repreensão que fizeram contra o cego também era em função do que ele declarava, e não por algum incomodo em virtude de Bartimeu estar gritando, ou seja, para muitos dentre a multidão que seguia para Jerusalém, o escândalo não eram os gritos de Bartimeu, antes o que ele dizia “Para os que estavam ouvindo os ensinos do Jesus todo esse escândalo era uma ofensa”Barclay, William, Comentário do Novo Testamento, Tradução de Carlos Biagini, pág. 259.

É patente nas Escrituras! Os escribas e fariseus deixavam transparecer grande indignação e reprimenda diante de qualquer possibilidade de se admitir que Jesus era o Cristo, o Filho de Davi: “Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt 12,22 -24).

Quando o apóstolo Paulo estava em Tessalônica, por três sábados consecutivos foi à Sinagoga disputar com os judeus sobre as escrituras (At 17,2 ). Mas, pelo fato de o apóstolo expor que Jesus era o Cristo, demonstrando nas escrituras que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse, os judeus rebeldes inflamaram a multidão contra o apóstolo (At 17,3 e 5).

Se Bartimeu houvesse gritado conforme o que havia ouvido: - ‘Jesus de Nazaré, tem misericórdia de mim’, ninguém o havia reprimido, mas por ter admitido e ao mesmo tempo anunciado ser Jesus o Filho de Davi, foi repreendido para que se calasse.

Bartimeu sabia muito bem o que estava gritando à beira do caminho, o que contraria o posicionamento de Barcley:“Bartimeu não sabia muito bem quem era Jesus. Chamava-o insistentemente Filho de Davi. Este era um título messiânico, mas seu significado evocava a ideia de um Messias conquistador, um Rei da linha de Davi, que levaria Israel à recuperação de sua grandeza como povo. Esta concepção do rol de Jesus era muito inadequada. Mas Bartimeu tinha fé e a fé que tinha cobriu qualquer engano teológico no que pôde ter incorrido. Não nos é exigido que entendamos à perfeição de quem é Jesus. Em última análise, ninguém jamais pode obter tal coisa. O que nos pede é que tenhamos fé. Um escritor de imensa sabedoria há dito: ‘Devemos esperar que o povo pense, mas não querer que se façam teólogos antes de fazer-se cristãos’. O cristianismo começa em nós quando reagimos diante da pessoa de Jesus, e quando esta nossa reação é de amor, um sentimento instintivo de que alguém é capaz de sair ao encontro de nossa necessidade. Até se nunca chegamos a ser capazes de elaborar teologicamente as coisas, essa resposta instintiva, esse grito que sai da alma, é mais que suficiente” Barclay, William, Comentário do Novo Testamento, Tradução de Carlos Biagini, pág. 261.

A cada passo a caminho de Jerusalém o Filho de Davi estava a conquistar a vitória sobre a morte, o mundo e o inferno para humanidade (Ap 1,17-18). Jesus não exige um grito instintivo da alma, antes é necessário confessá-Lo conforme diz o apóstolo Paulo: “O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1,2 -4). Bartimeu não equivocou-se quanto a Cristo, pois dele disse um anjo "Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai" (Lc 1,32).

Tal confissão era tão reprimida pelos judeus religiosos que, se alguém admitisse ser Jesus o Cristo, expulsavam a pessoa da sinagoga. Era divulgado ao povo a proibição de declarar que Jesus de Nazaré era o Cristo "Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga" (Jo 9,22).

Depois que o apóstolo Pedro confessou ser Jesus o Cristo Filho de Deus, este recomendou aos seus discípulos para que a ninguém anunciassem esta verdade, porque Ele bem sabia dos riscos que os discípulos estariam sujeitos se declarassem abertamente que Jesus era o Filho de Davi (Mt 16,20; Jo 17,12).

Quando Jesus curou um cego de nascença, declarou ser o Filho do homem, e o ex-cego creu e O adorou ( Jo 9,38 ). Foi então que Jesus declarou a sua missão: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos” (Jo 9,39).

Naquele evento o cego viu primeiro a luz do sol e, quando Jesus revelou-se, ele viu a luz da vida (Jo 1,4). Quando o cego passou a enxergar, somente aumentou a descrença e a fúria dos judeus (Jo 9:18). Quando Jesus anunciou abertamente ao outrora cego ser o Cristo, houve alegria no céu, pois um pecador mudou o seu conceito (arrependeu-se): passou a honrar o Filho da mesma forma que honrava o Pai (Jo 14:1b), pois creu em Jesus e o adorou (Jo 5:23).

E por que Jesus não declarava abertamente ser o Cristo? Porque de modo algum eles creriam "És tu o Cristo? Dize-no-lo. Ele replicou: Se vo-lo disser, não o crereis" ( Lc 22,67 ). Quando Jesus declarou abertamente ser o Cristo, O crucificaram ( Mt 26,63 ).

Por que reprimiram Bartimeu? Porque os judeus julgavam que qualquer que se fizesse Filho de Deus devia morrer (Jo 19,7 ; Mt 26,65-68), e Bartimeu estava declarando que Jesus era o Cristo. Se Bartimeu tivesse chamado Jesus de profeta, Galileu ou de Nazareno, não haveria problema algum para com os judeus ( Jo 7,40 44).

Não havia problema algum em chamar Jesus de ‘Jesus de Nazaré’, pois os doutores da lei reputavam que, segundo o que entendiam das Escrituras, ‘da Galileia não surge profeta’ (Jo 7,52; Jo 1,46). Para eles a questão estava resolvida, pois se da Galileia não vinha profeta, segue-se que de lá também não viria o Cristo, pois o Cristo, além de ser Filho de Davi, também seria profeta.

Estavam equivocados, pois se esqueceram da profecia que diz: “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações” (Is 9,1).

Quando Jesus falou abertamente em uma festa judaica (Festa dos Tabernáculos), algumas pessoas de Jerusalém começaram a questionar o posicionamento das autoridades religiosas do local: “Então alguns dos de Jerusalém diziam: Não é este o que procuram matar? E ei-lo aí está falando abertamente, e nada lhe dizem. Porventura sabem verdadeiramente os príncipes que de fato este é o Cristo?” (Jo 7,25 -26). Em seguida apresentam o posicionamento que adotaram: “Todavia bem sabemos de onde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é” (Jo 7,27 ), ou seja, eles não admitiam que Jesus de Nazaré podia ser o Cristo.

Certa feita Jesus estabeleceu uma celeuma entre os judeus enquanto ensinava, pois estavam presentes fariseus e doutores da lei que vieram de todas as aldeias da Galileia, Judéia e Jerusalém, quando Jesus disse a um homem paralítico que os pecados dele estavam perdoados (Lc 5,17 ). Como começaram a murmurar, duvidando do poder de Jesus “E os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?” (Lc 5,21), Jesus lhes propôs o seguinte problema: - “Que arrazoais em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?” (Lc 5,22 -23). Em seguida foi dito: -“Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa” (Lc 5,24). O milagre ocorreu e os escribas e doutores da lei apenas ficaram admirados.

Diante de tamanho poder (de perdoar pecados e curar), era para eles terem se rendido e confessado: - ‘Jesus, tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo!’.

Jesus te chama

Quando Jesus parou e mandou que chamassem Bartimeu, foram ao cego e disseram: - “Tende bom animo; levanta-te, que ele te chama”. De imediato o cego Bartimeu lançou de si a sua capa, levantou-se e foi ter com Jesus.

Aqui é necessário nos determos novamente. Há algum significado específico na capa de Bartimeu? Há quem repute que a capa de Bartimeu representava o pecado, o medo, os vícios, a idolatria, o mal, ou tudo que possa haver de ruim na vida de uma pessoa. Ora, se a capa é uma figura, não pode representar diversas coisas ao mesmo tempo. A capa não pode ser o pecado, pois não há representação do pecado com vestimentas, o pecado é representado na bíblia por condições, como: escravidão, trevas, cegueira, carne, desobediência.

Diante de toda a riqueza que o texto nos apresenta, a capa de Bartimeu não deve ser considerada como uma figura a ser interpretada, da mesma forma que a pedra que foi removida da porta do túmulo de Lázaro também não é uma figura a ser interpretada. Tais elementos não representam qualquer ideia, figura, conotação, enigma, etc. O empenho em dar significado à capa de Bartimeu simplesmente ofusca a confissão que ele fez diante do povo.

Antes de lançar de si a capa, Bartimeu já havia feito a mesma confissão que o eunuco da rainha de Candace, ao dizer: -“Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” ( At 8,37 ), e isto o tornou apto a ser batizado nas águas.

Bartimeu já havia se arrependido e estava produzindo frutos dignos da mudança de concepção antes mesmo de lançar de si a capa "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão" (Lc3,8); “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13,15).

Quando Bartimeu chegou diante de Jesus, foi lhe feita a seguinte pergunta: - “Que queres que te faça?”. Foi neste exato momento que Bartimeu reafirmou a sua confissão, ao adorá-Lo dizendo: - “Mestre, que eu tenha vista” (Mc 10,51). Aos moldes do leproso e da mulher que tinha uma filha possessa, Bartimeu adorou o Filho de Davi ao dizer: “Mestre, que eu tenha vista”; -- "E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo" (Mt 8,2); "Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me!" (Mt 15,25).

Nenhum cego em sã consciência aproxima-se de um homem e pede a visão, pois isto é impossível aos homens. Aquela seria a oportunidade de pedir uma esmola, um favor, etc., mas o cego Bartimeu pediu a visão, o que é o mesmo que reconhecer Jesus como Deus.

A Fé que salva

A resposta de Cristo foi maravilhosa: - “Vai, a tua fé te salvou”, e logo o cego Bartimeu viu e seguiu pelo caminho (Mc 10,52 ). Temos mais uma questão a tratar! Que fé salvou Bartimeu? Por que Jesus disse ‘a tua fé te salvou’ e não disse: ‘a tua fé te curou’? Ser curado é o mesmo que ser salvo?

Quando Jesus disse: “A tua fé te salvou”, estava reafirmando a confissão de Bartimeu, de que ela estava firmada na verdade, pois foi o Filho de Davi que operou salvação e cura. Jesus, o Filho de Davi anunciado nas Escrituras é a Fé manifesta que realizou a salvação e a cura de Bartimeu (Gl 3,23 -25).

A Fé que salvou diz do Firme Fundamento, pois Bartimeu estava fundado e firmado em Cristo (Cl 1,23; Hb 11,1). Quando Jesus perguntou: “Que queres que te faça”, Bartimeu ratificou a sua confissão dizendo: “Mestre, que eu tenha vista”.

Cristo é a Fé que foi dada aos santos, e é por Ele que os cristãos devem batalhar demonstrando ser Ele o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo ( Jd 1,3; Rm 1,2 -4). É em Cristo que o cristão deve permanecer fundado e firmado, pois Ele se revelou ao mundo como a Luz da vida! Foi Cristo que operou a salvação de Bartimeu, pois a confissão de Bartimeu é a ‘pedra’ sobre a qual Jesus edificou a sua igreja.

Enquanto os homens diziam que Cristo era um dos profetas, o apóstolo Pedro confessou que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo. Diante da confissão de Pedro, Jesus lhe disse: - “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16,17). Como o apóstolo Pedro disse ser Jesus o Filho do Deus vivo, Jesus igualmente admitiu que o seu discípulo era Pedro “Pois também eu te digo que tu és Pedro...” (Mt 16,18), e em seguida apresenta o artigo de Fé, a pedra fundamental sobre a qual a igreja de Cristo é edificada: “... sobre esta pedra (confissão que refere-se a pessoa de Cristo) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" ( Mt 16,18 ).

Por que Jesus disse que Simão era ‘Pedro’? Porque quando Pedro admitiu que Jesus era o Cristo, achegou-se a Ele e tornou-se ‘pedra viva’, templo e morada de Deus: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" ( Mt 16,18 ); “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1Pe 2,4 -5).

Todos que creem em Cristo e O confessam como Bartimeu confessou, constitui-se uma pedra do templo erguido em louvor a Deus "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" ( Rm 10:9 ); "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele" (1Co 3,10 ); “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Ef 2,20-22).

Qualquer que admitir (confessar) que Cristo é o Filho do Deus vivo, honra o Filho, portanto é ‘pedra viva’, porque são criados em verdadeira justiça e santidade, ou seja, conforme a pedra eleita e preciosa, que é Cristo "Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus" (1Jo 4,15; Rm 10,9).

Confissão - palavra grega que significa falar a mesma coisa, consentir, concordar, admitir, declarar o que realmente é acerca de algo em decorrência de profunda convicção dos fatos. A confissão se dá quando o homem se depara com o Firme Fundamento, que é Cristo (Hb 11,1). Embora Bartimeu ainda não tivesse visto o Cristo, contudo, creu n’Ele como o Filho de Davi, o que correspondia à verdade das Escrituras, pois Jesus é o Filho do Deus vivo.

Mesmo diante das boas novas anunciadas por Filipe, para fazer a mesma confissão de Bartimeu; de que Jesus de Nazaré era o Cristo, Natanael precisou ver um milagre da parte de Jesus: “Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José (...) Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel” (Jo 1,45 e 44-45).

Enquanto Natanael duvidou das palavras de Filipe dizendo: - “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1,46), Bartimeu, que nada via, bastou ouvir que ‘Jesus de Nazaré’ passava e creu ser Ele o Cristo.

Tal abordagem se fez necessária para demonstrar que o evangelista Lucas apresentou Jesus a Teófilo como o Filho de Deus e não como um milagreiro. Através da narrativa da cura de Bartimeu ele evidenciou a questão central defendida no Novo Testamento. Portanto, é maravilhoso demonstrar que Cristo curou Bartimeu, mas não podemos deslocar a ênfase do texto que está em Bartimeu confessar que Cristo é o Filho de Davi. E por isso mesmo Poderoso para realizar o milagre.

Enfatizar somente ‘milagres’ é descartar o artigo de Fé (confissão): ‘Jesus é Deus’.

É lançar uma semente diversa daquela que produz vida, pois milagres não salvam, como se lê: “E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (Lc 16,30-31); “ Ai de você, Corazim! Ai de você, Betsaida! Porque se os milagres que foram realizados entre vocês o fossem em Tiro e Sidom, há muito tempo elas teriam se arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas. Mas no juízo haverá menor rigor para Tiro e Sidom do que para vocês. E você, Cafarnaum será elevada até ao céu? Não; você descerá até o Hades”! (Lc 10,13 -15).


fonte: http://www.estudobiblico.org/pt/detalhe/ver/o-cego-bartimeu-a-beira-do-caminho-232


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