Quando São José encontrou a gravidez de Maria, ele não tinha todas as informações, mas as aparências apontavam em uma certa direção. Em vista das aparências, José toma a decisão menos prejudicial para Maria. Pois a lei o obrigava a denunciar o adultério de sua esposa e isso levaria Maria inexoravelmente à morte por apedrejamento, como diz o livro de Deuteronômio (22,21). Bem, apesar de tudo, "José acolheu Maria sem estabelecer quaisquer pré-condições... A nobreza do seu coração o torna subordinado à caridade o que aprendeu por lei" (Francisco). Obviamente, uma decisão como essa só pode ser explicada se José amava a Maria e confiava totalmente nela. Amar é dizer ao outro: "Eu acredito em você", mesmo que todos me digam o contrário sobre você.
"A vida espiritual de José não nos mostra um caminho que explica, mas um caminho que acolhe" (Francisco). Não se trata de um fruto bem-vindo de resignação, mas de força, aquela força que é um dom do Espírito Santo e nos dá força para enfrentar situações inesperadas e difíceis sem raiva e sem rancor. Este caminho que José nos indica, diz o Papa, convida-nos a acolher os outros, sem exclusão, como são, com preferência pelos fracos, porque Deus escolhe o que é fraco (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sl 68, 6) e ordena-nos a amar o estrangeiro. Francisco acrescenta com grande fineza: "Desejo imaginar que Jesus tirou das atitudes de José o exemplo da parábola do filho pródigo e do pai misericordioso".
A figura de são José que acolhe, tem hoje uma grande relevância. Muitas pessoas e instituições estão a tomar uma atitude acolhedora em relação à tragédia dos milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia por causa da guerra, as pessoas que habitam, ou entregam alimentos e, acima de tudo, dinheiro, para que instituições sérias e confiáveis possam ajudá-las. José também foi forçado a deixar sua terra, emigrando para o Egito, para salvar sua esposa e filho, quando Herodes pretendia matá-los. Os que são forçados a deixar a Ucrânia, acontece com eles como José que, quando o perigo desaparecer, serão capazes de retornar à sua terra!
Em outras palavras, a figura de José, o pai acolhedor, é muito atual. Em comparação com aqueles que dão importância ao sangue e acreditam que esses são os elos fundamentais, hoje há uma tendência a dar importância a outros elos que seriam representados na adoção. Além disso, José é uma figura de paternidade que Jesus enaltece. Pois para Jesus o importante não é carne ou sangue, mas aceitação. É um pai que acolhe e recebe o filho com amor. O que une não é sangue, o que une é amor. Esses são os laços mais fortes e inquebráveis. Quando dois se amam, o que importa raça, cor, idade, o que importa se um é indiano ou espanhol! José amava Maria e Jesus. Não porque carregassem o seu sangue, mas porque ele os acolheu.
Fonte: Religión Digital - Martin Gelabert